Pam Ramsden, da Universidade de Bradford, acompanhou a reação de 189 pessoas expostas, através da Internet apenas, a uma série de eventos fortes. Submetidos a questionários clínicos usados para determinar se alguém sofre de stress pós-traumático, mais 20% dos participantes obtiveram uma pontuação alta.
Para a investigadora, o resultado é claro: “Se uma pessoa com essa pontuação nos exames de diagnóstico de stress pós-traumático procurasse um médico, seria facilmente diagnosticada [com a perturbação], porque apresenta os mesmos sintomas”, explicou, à BBC.
O transtorno é desenvolvido por pessoas que enfrentam eventos traumáticos. Os sintomas incluem “flashbacks”, evasão, distúrbios de sono e mudanças de humor e persistem por mais de um mês após o evento traumático.
Apesar de a conclusão da investigação britânica não ser consensual, o DSM-5, o principal manual de diagnóstico da Associação de Psiquiatria Americana, inclui a classificação de stress pós-traumático para jornalistas – que podem ser constantemente expostos a vídeos online devido ao seu trabalho.
A BBC, como outros meios de comunicação internacionais, alerta mesmo os seus jornalistas para os efeitos de assistir repetidamente a imagens violentas ou chocantes.
“Na TV e até na rádio, o utilizador recebe um aviso: “Esta história pode ser chocante”, lembra a investigadora, concluindo “Não há esse tipo de aviso nas redes sociais”. “Agora, tudo está no YouTube”.
Um fator de risco, alerta Pam Ramsden, é a repetição da exposição ao conteúdo violento, ou seja, não é por ver uma vez um vídeo que possa ser considerado chocante que se corre o risco de desenvolver sintomas de stress pós-traumático.