Quando, em 1969, Neil Armstrong pisou a Lua, pela primeira vez, os gémeos Scott e Mark Kelly ainda brincavam aos astronautas. Agora, 46 anos depois, são eles os protagonistas de uma missão espacial pioneira: durante um ano vão estar a ser estudados de forma separada: um em Terra e o outro no espaço.
Aos 51 anos, Scott e Mark Kelly vão ajudar a estudar os efeitos físicos e psicológicos das viagens espaciais de longa duração. Por possuírem o mesmo material genético, será possível determinar as diferenças do organismo.
Com o russo Mikhail Kornienko e uma equipa rotativa de 13 tripulantes, Scott vai estar a 369 quilómetros de altitude, na Estação Espacial Internacional da NASA. Deixa as filhas e a namorada para trás, mas não o irmão, que irá acompanhá-lo, embora com os pés bem assentes na Terra. Mark vai ser submetido diariamente aos mesmos exames físicos e psicológicos que o irmão. Teoricamente, Scott regressará mais novo que Mark – uns escassos 3 milissegundos -, uma vez que viaja a uma velocidade muito superior. Por outro lado, Scott deverá estar muito mais degradado fisicamente.
O corpo humano foi até agora o maior entrave para a exploração espacial. Formatado para a gravidade terrestre, no espaço os ossos perdem densidade, os músculos enfraquecem, os globos oculares perdem a forma, o coração bate menos eficazmente e o equilíbrio é afetado. Mas se apenas se conhecem os efeitos de seis meses sem gravidade, a dúvida permanece relativamente ao que acontece depois disso – o auge é atingido e segue-se uma estabilização?
A partir de setembro, o corpo de Scott Kelly poderá dar-nos as respostas. Mas também a sua mente e o comportamento, já que uma das maiores preocupações da NASA é apurar o efeito que as viagens de longa duração podem ter a nível psicológico.