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“Meu, tu tens a melhor profissão do mundo!” Esta é a frase que Jake Browe, de 31 anos, mais tem ouvido nos últimos dois anos, desde que se tornou no primeiro crítico de canábis do planeta, no respeitado Denver Post, o mais antigo diário do Colorado. Desde que a venda desta droga passou a ser legal neste Estado norte-americano, em 2012, o jornal entendeu que deveria contratar especialistas que guiassem os seus leitores, seguindo a mesma lógica aplicada aos vinhos, por exemplo.
A sua coluna (The Cannabist) foi tão bem recebida que o jornal já contratou mais dois críticos e um editor de canábis. “Tal como há uma grande diferença entre um pinot grigio e um pinot noir, também uma erva Lemon OG ou Lemon Skunk provêm de ‘castas’ muito diferentes, com aromas e efeitos muito distintos”, explicou ao New York Times.
O seu dia, contudo, é um pouco diferente do de um crítico de vinhos. Começa com uma ronda pelas lojas de Denver (existem já mais de 400), em busca das novidades. Compra as variedades que lhe parecem mais interessantes e guarda a fatura, para entregar no jornal. Segue depois para casa, onde separa a erva, em busca de impurezas, e fuma-a. Dá uma primeira passa e anota as sensações.
“Notas cítricas, crepitação lenta.” Fuma mais um pouco e senta-se, em silêncio. Esperar pela viagem é a parte mais importante do seu trabalho. A qualidade da moca (e a sua duração e intensidade) é que determina a nota final do crítico.
Até hoje, a pontuação máxima foi atribuída à variedade Green Crack: “Senti-me uma criança livre e feliz, embora com défice de atenção.”