Historicamente, os palavrões estão associados a coisas de que temos medo. Palavras que remetem para coisas perigosas ou mais fortes do que nós, tais como morte, doença e enfermidade, sexo e doenças sexualmente transmissíveis, fluidos corporais e germes.
Quando a banda N.W.A editou “F*ck the Police”, o FBI emitiu um comunicado contra a música. Foi a primeira e única vez que uma agência de segurança se insurgiu oficialmente com um trabalho artístico.
Apesar da linguagem imprópria não ser socialmente aceite, a sua censura raramente é vista com bons olhos. McKay Hatch, um rapaz norte-americano de 14 anos, auto-intitulou-se “a maior vítima de cyber-bulling de sempre” desde que deu início a uma campanha anti-palavrão à escala mundial.
Já Arthur Pinker, psicólogo e linguista da Universidade de Harvard, é um grande defensor da liberdade de expressão no uso de palavões, tendo publicado vários livros e ensaios nos quais faz distinção entre cinco tipos diferentes de palavrões. São eles:
“Abusivo”: palavras que são usadas deliberadamente para magoar, insultar, humilhar, objetificar, ou marginalizar alguém. Se for Deus, falamos de blasfémia, particularmente tabu na era vitoriana onde se acreditava que dizer palavrões relacionados com Deus o magoavam fisicamente.
“Enfático”: o tabu do palavrão diminui quando comporta uma utilização mais prática. Este tipo de palavrões é usado quando enfatizar emoções é mais importante do que respeitar as normas de conduta.
“Deseufemismo”: Enquanto o eufemismo procura suavizar uma expressão, este tipo de palavrões pretende exactamente o oposto. O uso do palavrão em vez de uma palavra socialmente aceite revela que passamos por uma experiência verdadeiramente desagradável.
“Idiomático”: palavrões usados num ambiente casual, entre amigos, numa tentativa de procurar aceitação ou estabelecer intimidade.
“Catártico”: Quando o palavrão é dito de forma quase involuntária perante a dor, podendo constituir uma forma alívio. Arthur Pinker defende que este tipo de palavrões pode ainda ter origem num sentimento de raiva primário, usado pelos animais para assustar o atacante, como o ganir alto de um cão depois de alguém lhe pisar a cauda.