Um especialista em retratos-robô, com formação fosense, vai desenhando o rosto de várias mulheres, sem as ver, com base nas suas auto-descrições. Depois repete o processo mas com as descrições dadas sobre cada uma por outra pessoa. No final, confronta cada uma com os dois retratos distintos. A conclusão da campanha: as mulheres são muito mais bonitas do que julgam.
Mas enquanto muitos não hesitam em mostrar nas redes sociais o quanto apreciam o vídeo da Dove, outros não lhe poupam críticas, sobretudo porque, afinal, todas as mulheres escolhidas para a campanha são jovens e bonitas.
Kate Fridkis, que colabora com a Psichology Today, resume o conceito da campanha: “Algumas mulheres adoráveis, magras e, na sua maioria, brancas, todas bastante jovens, descrevem a sua aparência a um artista forense”.
“Estes anúncios mantêm a noção de que, quando se trata de nos avaliarmos e a outras mulheres, a beleza é fundamental”, escreve a New York Maganize. “O objetivo não devia ser levar as mulheres a focarem-se em como somos todas lindas, à nossa maneira. Devia ser levar as mulheres a fazer o que se deseja seja a prática comum: julgarmo-nos com base na interligência e sensibilidade ética, e não apenas os nossos rostos e corpos”.
A cronista da Psichology Today vai mais longe a acusa os retratos que supostamente representam rostos pouco atrativos de terem algumas características inevitáveis com a idade: sinais, olheiras, algumas rugas. “Isso implica que todas as mulheres que envelhecem e ficam com rugas são menos atraentes”, conclui.
Mas os comentários menos elogiosos também chegam à página do Facebook da marca, acusada de “condescendência” em relação às mulheres e de as “pseudo-psicanalizar”.
O português por detrás da campanha
Opiniões à parte (ou precisamente por causa delas), a campanha tornou-se viral na Internet. Numa semana, a versão original do vídeo já teve mais de 26 milhões de visualizações no YouTube. Mais um milhão da versão em português.
E é precisamente português um dos cérebros por detrás da campanha. Chama-se Hugo Veiga, tem 33 anos e é do Porto. A viver no Brasil há quase sete, o “copywriter” contou, em entrevista ao suplemento P3, do jornal Público que acrediya que o “segredo” da campanha foi transformar-se numa “experiência social”. “Esta é daquelas campanhas que pode mudar uma carreira”, reconhece.
VEJA O VÍDEO E DÊ TAMBÉM A SUA OPINIÃO.