Nos últimos anos verificou-se em Portugal uma evolução positiva na resposta às doenças cardiovasculares. No entanto, o número de portugueses que morrem anualmente devido a esta causa “ainda não diminuiu significativamente”, explicou à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), Manuel Antunes.
“Apesar de a resposta ter melhorado graças a melhores terapias médico-cirúrgicas e à rapidez com que as pessoas são auxiliadas, os estilos de vida dos portugueses, a par do envelhecimento da população, continuam, lamentavelmente, a contribuir para que os números globais (de mortalidade por doenças do coração) não tenham diminuído”, afirmou.
Falando por ocasião das comemorações do 60º aniversario da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, uma das primeiras sociedades médico-científicas nacionais, Manuel Antunes lembrou que as doenças cardiovasculares continuam a ser “responsáveis por cerca de 36 por cento de todos os óbitos ocorridos anualmente no país”.
Segundo dados da SPC, todos os anos ocorrem “cerca de 10 mil enfartes agudos do miocárdio” (EAM), cujas causas estão “directamente relacionadas com todos os factores de risco que contribuem para o envelhecimento das artérias, como é o caso dos maus hábitos alimentares, o tabagismo e o sedentarismo”.
“Houve progressos significativos, mas a incidência do EMA não mudou. O que mudou foi a resposta e os meios disponíveis”, salientou Manuel Antunes, lembrando que há trinta anos a taxa hospitalar de mortalidade rondava os 30 por cento”, sendo que hoje “oscila entre os cinco e dez por cento”.
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, esta mudança só foi possível graças “ao melhor conhecimento da doença, mudança de métodos e a rapidez com que as pessoas são auxiliadas, hoje em dia, no local ou em ambulâncias medicalizadas”.
“Actualmente atingimos quase o limite do que se pode fazer. O caminho passa agora pela educação do público no sentido de melhorar os estilos de vida e alertar para os sintomas de doenças cardiovasculares”, frisou.
Quanto ao futuro da SCP, que foi fundada em 1949, Manuel Antunes, que será hoje recebido pelo Presidente da República, diz que “teve uma boa infância e agora está a entrar na puberdade. O mundo e as práticas terapêuticas estão a mudar, pelo que o objectivo passa por adaptar a SCP e os seus profissionais ao novo paradigma”.