Foi apoiante de Rui Rio, teve nas mãos (por indicação do líder) a tarefa de estudar a reforma do sistema politico e do próprio PSD, foi coordenador da bancada na Comissão de Trabalho e Segurança Social, mas, após a rutura, Pedro Rodrigues já não usa meias-palavras para criticar a atuação do presidente social-democrata. “Não me recordo – e já sou militante há 25 anos – de um presidente do partido que exercesse o poder de forma tão isolada, tão solitária, com tão pouca discussão interna e com tão pouca sensibilidade para o cultivo da diferença dentro do PSD”, critica o deputado, entrevistado esta quarta-feira, 26, no programa “Irrevogável”, da VISÃO.
O advogado de 41 anos subscreve, assim, o espírito das críticas que outro antigo presidente da JSD, Pedro Duarte, fez recentemente a Rui Rio. Sem adotar a mesma terminologia – não fala de pensamento único ou de um partido autocrático -, Pedro Rodrigues considera que o líder está “fechado sobre si próprio” e defende que se o PSD não quer ser “um partido de funcionários” terá de mudar o seu modus operandi e melhorar a democracia interna.
Na entrevista, garante ainda não estar “minimamente preocupado” com eventuais sanções que decorram da violação da disciplina de voto quando o regimento da Assembleia da República foi revisto, num processo que ditou o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro, e lamenta que, nesse e noutros episódios, o líder do maior partido da oposição tenha “bailado” ao ritmo do chefe do Governo.
Para futuro, Pedro Rodrigues manifesta a sua oposição a coligações autárquicas com o Chega, que qualifica como um “OPNI (Objeto Político Não Identificado)” e como um “partido de protesto”, para o qual o PSD não deve olhar com “a mesma conveniência com que o PS olha para o BE”, e antecipa que apoirá “com todo o entusiasmo” Marcelo Rebelo de Sousa, caso este decida recandidatar-se a Presidente da República.
Sobre a pandemia da Covid-19, recorda que o lar de Reguengos de Monsaraz onde morreram 18 pessoas está longe de ser um caso único e aponta o dedo a António Costa por “assobiar para o ar” sempre que “há que assumir responsabilidades” ou analisar a atuação do Executivo “em matérias críticas em que o Estado falha”. Finalmente, Pedro Rodrigues sublinha também que lhe parece “óbvio” que, não podendo haver festivais de verão ou público nos estádios de futebol, “não pode haver uma festa com as características da Festa do Avante!”, marcada pelo PCP para 4, 5 e 6 de setembro, no Seixal.
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