Estão definidos os adversários da Aliança Democrática (AD): o PS que, segundo Nuno Melo, presidente do CDS/PP, pretende taxar os portugueses até à morte, e o Chega, descrito como o “aliado útil” dos socialistas e em competição com o Bloco de Esquerda pela proposta mais despesista.
No arranque da convenção da AD, que decorre no Estoril, Nuno Melo tentou enterrar a polémica dos últimos dias, provocada por declarações suas à CNN, nas quais admitiu viabilizar um governo do PS, caso os socialistas vençam as eleições legislativas de 10 de março. “Se o PS vencer as eleições, quem vence deve governar. É isso que é suposto. Aplico aos outros aquilo que reclamo para nós. Se a AD vencer as eleições, deve governar; o que reclamo para a coligação deve ser aplicável a todos os outros. Falo por mim enquanto presidente do CDS. Tento ler a política dentro da normalidade possível e a normalidade possível diz-me que quem vence deve governar. Outros entendem que não é assim. Logo se verá”.
Acossado por André Ventura, presidente do Chega, que desafiou o presidente do PSD a esclarecer se a AD viabilizaria ou não um governo socialista, Nuno Melo tentou fechar a polémica: “Fique claro: o único governo que a AD vai viabilizar é o da própria AD”, declarou, no Estoril, o presidente do CDS/PP, atirando a André Ventura: “pare de tresler o pensamento dos outros” e de ser o “aliado útil” das esquerdas.
Neste contexto, Nuno Melo descreveu o que pode ser entendido como uma espécie de competição entre Bloco de Esquerda e Chega pela proposta mais despesista: “O Bloco de Esquerda quer taxar a banca, o Chega copiou a ideia; depois, o Bloco de Esquerda anunciou uma taxa às gasolineiras, o Chega copiou a ideia e foi mais longe; o Bloco de Esquerda quer aumentar as pensões para o nível do Salário Mínimo Nacional, o Chega copiou a ideia, mas sem a máquina calculadora à mão”.
Em resumo, para o presidente do CDS/PP, “Mariana Mortágua e André Ventura são capazes de levar Portugal à bancarrota, muito mais rápido do que José Sócrates”.
Arrumado o assunto Chega, Nuno Melo acuou o PS de ter promovido, nos últimos anos, uma “vergastada” fiscal aos portugueses, com um sucessivo aumento de imposto, referindo que o País sofreu, nos últimos anos, uma “extorsão tributária”. Com Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro, declarou o presidente do CDS/PP, “pagaríamos impostos mais altos cada vez que comemos, bebemos, fumamos, conduzimos, quando queremos ser proprietários, até quando morrermos. Se Pedro Nuno Santos vencer, pagamos impostos mais altos até morrer. Até à campa.”
Coube ao presidente do CDS/PP apresentar as primeiras propostas concretas da AD: taxa máxima de 15% no IRS para os jovens até aos 35 anos e isenção de IMT na compra da primeira habitação; redução de IRS em todos os escalões menos o último, o mesmo acontecendo no IRC, com a redução de dois pontos por ano até aos 15%.