Em Portugal, a corrida, em contrarrelógio para salvar o planeta – e atingir as metas definidas pela Comissão Europeia de reduzir, até 2030, 55% das emissões e alcançar, em 2050, a neutralidade carbónica – continua a sofrer falsas partidas, com os principais projetos, apoiados pelo Governo, envoltos num clima de dúvidas e suspeição, o que não permite perceber, por esta altura, o que vai ser cada um deles. A estratégia do executivo de António Costa para a descarbonização da economia tem vindo a ser desenhada, principalmente, tendo como ponto de partida as verbas provenientes dos vários programas de apoio da União Europeia, em que se incluem os montantes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que, desde o início deste mês, Bruxelas começou a transferir para Portugal. A aposta convicta do Governo numa transição energética assente na produção e exportação de hidrogénio verde tornou-se o paradigma desta revolução – formalmente assumida, em maio de 2020, quando o Conselho de Ministros aprovou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), com investimentos estimados de sete mil milhões de euros até ao fim desta década.
Os meses que se seguiram vieram acompanhados de generosas doses de otimismo, patentes nas declarações públicas dos principais governantes. A regra passou por ignorar, desvalorizar ou até mesmo ridicularizar as opiniões contrárias ou desfavoráveis – destacando-se, neste particular, as investidas online do secretário de Estado da Energia, João Galamba. No início deste ano, porém, tudo mudou, quando o megaprojeto denominado H2Sines – apontado pelo Governo como a grande bandeira do hidrogénio verde em Portugal –, que representaria investimentos de 1,5 mil milhões de euros, selecionado para integrar uma candidatura nacional aos financiamentos milionários, via Projeto Importante de Interesse Europeu Comum (IPCEI, na sigla inglesa), se tornou um caso de Justiça e… ruiu tal como tinha sido pensado e apresentado.