O Estado pagou 4,5 milhões de euros pela aquisição de um novo e moderno sistema de 12 drones para vigiar e combater os incêndios florestais, mas o processo parece arrastar-se indefinidamente, enredado num sem-número de contratempos. Cumprido um mês da época de fogos, que, este ano, decorre de 1 de junho a 15 de outubro, apenas seis destes aparelhos não tripulados se encontram operacionais (mais um está agora em processo de aceitação). Pior: no dia em que se inicia a “fase crítica” (hoje, quinta-feira, 1 de julho), mantêm-se todos presos ao solo, ignorados pelas entidades que poderiam requerer a sua utilização. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e a GNR (que, agora, até tem os seus próprios drones) não solicitaram a realização de nenhuma missão com drones durante o mês de junho.

O primeiro capítulo desta novela aconteceu no dia 11 de maio de 2020, quando o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, anunciou em conferência de imprensa esta aposta (um avultado investimento concretizado através do Fundo Ambiental). O otimismo dos gestos e das palavras não fazia prever o que se seguiria: um conjunto de peripécias que, esticado no tempo, se transformou num autêntico folhetim que inclui um concurso polémico, prazos falhados, devoluções, quedas, suspensão de voos, atribuição de culpas e trocas no comando das operações. Na ocasião, Matos Fernandes falaria de um sistema que, garantia, seria “uma grande ferramenta” de “vigilância”, em 2020, e “de grande relevância para o combate aos incêndios”, em 2021. Para já, a realidade parece não confirmar tamanha utilidade.