António Costa quer reeditar os acordos que fixou em 2015 com Bloco de Esquerda e PCP. Mas também quer alargar o “diálogo” a outras figuras do novo Parlamento – algumas que reforçam a posição, como o PAN, e outras que se estreiam, como o Livre, que pela primeira conseguiu a eleição de um deputado. Mas o líder socialista também deixa avisos: “Quem [nestas eleições] fixou a responsabilidade de impedir a maioria absoluta do PS tem uma responsabilidade acrescida” para fechar acordos para os próximos quatro anos.
O líder do PS toma a dianteira e assume a responsabilidade de procurar entendimentos que garantam a “estabilidade” que Costa pediu nestas eleições. “Vamos procurar junto dos parceiros parlamentares” que garantiram o apoio ao PS e tentar “renovar a solução política que os portugueses disseram querer que tenha continuidade”, disse no Hotel Altis, em Lisboa, onde o partido voltou a reunir-se para acompanhar a noite eleitoral.
Está garantida a intenção do líder socialista de estabelecer novos acordos – não fica claro se escritos ou não – com bloquistas e comunistas. Quando António Costa fez a sua intervenção já Bloco de Esquerda e PCP tinham deixado sinais da forma como se posicionavam face aos resultados que cada um teve: se o Bloco deixa a porta aberta a entendimentos a quatro anos, o PCP parece mais interessado em gerir eventuais apoios medida a medida, orçamento a orçamento. Foi com esses sinais em mente que o socialista deixou uma nota: “Cumpre ao PS tudo fazer para garantir a estabilidade nos próximos quatro anos, [mas] se outros não nos acompanharem, assumirão as suas responsabilidades.”
Mas o objetivo não se esgota numa eventual reedição da geringonça. “Repetiremos também os contactos que já há quatro anos estabelecemos com o PAN, de modo a ver se, tal como aconteceu em três dos quatro orçamentos legislatura, há agora condições para um acordo político no horizonte da legislatura”, assumiu António Costa, estendendo esse diálogo a uma nova força no Parlamento: o Livre, que elegeu uma deputada por Lisboa, “obteve pela primeira vez” um lugar no Parlamento, um resultado que Costa entende como um “reforço da solução política que levou a bons resultados” desde 2015.
A posição de António Costa resulta de duas “conclusões” que extrai dos resultados destas legislativas. Por um lado, “os portugueses desejam um novo Governo do PS reforçado para governar com estabilidade no horizonte da próxima legislatura”; por outro lado, acrescenta COsta, “os portugueses gostaram da gerigonça e desejam a continuidade da atual solução política, agora com um PS mais forte”.
Das conclusões de Costa retiram-se, por isso, algumas conclusões: o PS vai abrir o diálogo a atuais e eventuais novos partidos, mas na posição de um “PS mais forte”. Ou seja: “É preciso ter em conta que não são só os outros que têm cadernos de encargos, nós também temos.”