O fundador e antigo presidente do CDS Diogo Freitas do Amaral morreu esta quinta-feira, como confirmou já fonte oficial centrista. O ex-professor universitário e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros encontrava-se internado nos cuidados intermédios do Hospital da CUF, em Cascais, há duas semanas e terá tido uma paragem cardíaca. O Presidente d República já reagiu à notícia manifestando “o mais profundo pesar” e prestando homenagem a um dos “pais fundadores do regime” democrático português.
O motivo do internamento estaria relacionado com hemorragias fortes, segundo contou, na altura, uma fonte próxima da família ao Correio da Manhã.
Freitas do Amaral, deputado à Assembleia Constituinte, fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, e mais tarde do PS, entre 2005 e 2006, já depois de ter abandonado a militância nos democratas-cristãos.
Marcelo lembra o “papel histórico” do “senador” Freitas do Amaral
O Presidente da República já reagiu à notícia da morte de “um grande amigo pessoal de meio século”. No site da presidência, Marcelo Rebelo de Sousa manifesta “o seu mais fundo pesar pelo falecimento de Diogo Freitas do Amaral, um dos quatro pais Fundadores do sistema político-partidário democrático em Portugal, como Presidente do Centro Democrático e Social”. Freitas surge no mesmo plano de Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Álvaro Cunhal.
“A Diogo Freitas do Amaral deve a democracia portuguesa o ter conquistado para a direita um espaço de existência próprio no regime político nascente, apesar das suas tantas vezes afirmadas convicções centristas”, refere a mesma nota, onde Marcelo assinala as “intervenções decisivas” de Freitas nos primeiros anos do Portugal democrático e a “rica experiência parlamentar e governativa”.
O chefe de Estado não esquece a participação do fundador do CDS “na mais notável e disputada eleição presidencial em Democracia”, quando Freitas se bateu com Mário Soares na disputa por Belém “”e na qual avultaram os dois competidores da segunda volta, ambos pais fundadores do regime e ambos potenciais primeiros Presidentes da República civis”.
“Tendo sido visto como um jovem com prematura feição de senador, nos anos 70 e 80, viveria depois, nas duas décadas seguintes, e deixar-nos-ia como um senador ainda com feição de jovem, nos seus sonhos e no seu deleite de viver cada dia”, assinala ainda Marcelo Rebelo de Sousa.
Governo decreta luto nacional: “Curvamo-nos em sua homenagem”
O Governo decretou “luto nacional coincidente com o dia do funeral”, ainda por definir. Numa nota enviada às redações, o gabinete do primeiro-ministro assinala a morte de “um dos fundadores do nosso regime democrático”.
“Acabou de falecer um dos fundadores do nosso regime democrático. À memória do professor Freitas do Amaral, ilustre académico e distinto estadista, curvamo-nos em sua homenagem”, refere o comunicado.
Numa nota mais pessoal, António Costa recorda o tempo em que exerceu funções no mesmo Governo de que fazia parte Freitas do Amaral, um como ministro da Administração Interna e o outro como ministro dos Negócios Estrangeiros. “A título pessoal, e como seu antigo colega de Governo, não posso deixar de recordar o muito que aprendi com o seu saber jurídico, a sua experiência e lucidez política e o seu elevado sentido de Estado e cultura democrática, que sempre praticou”, diz o primeiro-ministro.