O velório do ex-coordenador bloquista realiza-se esta tarde, na Cooperativa Árvore, no Porto. O funeral de João Semedo sairá na quarta-feira, pelas 13:30, da Cooperativa Árvore em direção ao cemitério do Prado do Repouso, no Porto.
Catarina Martins enaltece João Semedo como homem combativo até ao fim
A coordenadora do BE, Catarina Martins, disse hoje que João Semedo foi um “homem extraordinariamente generoso e combativo até ao fim” pelas causas em que acreditava, ficando na história da democracia.
“O João Semedo vai-nos fazer seguramente muita falta, foi um homem combativo até ao fim pelas causas em que acreditava todos os dias, extraordinariamente generoso e ficará, seguramente, na história de avanço da nossa democracia”, afirmou à chegada ao velório do antigo dirigente do BE, que morreu hoje, aos 67 anos, vítima de cancro.
Visivelmente emocionada, a bloquista referiu que João Semedo deixa a responsabilidade de continuar o seu trabalho nas causas que continuava a abraçar e, naquelas, que ainda estão por fazer.
“Estamos cá para isso”, acrescentou.
Segundo Catarina Martins, a história da democracia está ligada a João Semedo não só porque começou muito jovem a ser ativista contra o fascismo, mas porque foi um construtor do Estado Social.
“Foi, enquanto homem político, nas responsabilidades que assumiu primeiro no PCP e, mais tarde, no BE, mas também por aquilo que fez enquanto homem na sua profissão, na forma como alterou a forma como o Serviço Nacional de Saúde trabalha e como lida com os mais vulneráveis dos vulneráveis”, realçou.
A coordenador do BE enalteceu ainda a história de João Semedo como estando ligada às coisas “mais bonitas da democracia, às causas todas e à generosidade”.
Dizendo estar-lhe “pessoalmente agradecida”, Catarina Martins reforçou que lhe faltou, “sobretudo, um amigo”.
Presidente da República recorda “homem de causas”
O Presidente da República lamentou hoje a morte do ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo, recordando-o como um “homem de causas”, defensor do Serviço Nacional de Saúde, e afirmando que o país sentirá a sua falta.
“A doença prolongada e as crescentes limitações da voz não impediram” João Semedo de “manter a atividade política”, continua a nota.
Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “lamenta a morte de João Semedo e envia à família as mais sentidas condolências”.
O chefe de Estado – que se encontra em Cabo Verde, na ilha do Sal, para participar na XII Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – já ligou à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, a dar as condolências, adiantou à agência Lusa fonte da Presidência da República.
“Médico de profissão e defensor do Serviço Nacional de Saúde, João Semedo foi um homem de causas, politicamente empenhado desde muito jovem, com um ativismo político anterior ao 25 de Abril. Militante do PCP durante muitos anos, partido que abandonou no início da década de noventa, chegou mais tarde a coordenador do Bloco de Esquerda”, refere o Presidente da República, na nota hoje divulgada.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que “foi pelas escolhas que fez” que João Semedo “se destacou, sempre com uma afabilidade acentuada, convencendo pelo exemplo, afirmando-se pela força do seu pensamento lúcido e clarividente”.
“Até a morte encarou com a firmeza e a bondade que o caracterizava, tendo afirmado numa das suas últimas entrevistas que viveu como quis e que de nada do que é importante se arrependeu. O país sentirá a sua falta, o Presidente da República honra a sua memória”, acrescenta.
António Costa lembra João Semedo como combatente pela democracia
O primeiro-ministro, António Costa, expressou hoje grande pesar pela morte do ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo, que lembrou como uma pessoa “exemplar em toda a sua vida”, combatente pela democracia e pelo SNS.
“Foi alguém que foi exemplar em toda a sua vida, como combatente pela liberdade, pela democracia, pelo SNS. Era uma pessoa por quem eu tinha não só estima como profunda admiração, designadamente pela forma muito corajosa como enfrentou ao longo de muitos anos uma batalha muito dura contra a doença. E é com muita pena que o vejo partir”, declarou António Costa.
O chefe do Governo falava aos jornalistas num hotel em Santa Maria, na ilha do Sal, Cabo Verde, onde hoje à tarde terá início a XII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Queria, em primeiro lugar, dar um abraço de condolências à família, apresentar as minhas condolências também à direção do Bloco de Esquerda e queria, sobretudo, manifestar muito pesar”, afirmou.
António Costa referiu que teve “a oportunidade de privar com o João Semedo” e manifestou “uma grande admiração por ele, pela sua luta, pelo seu combate, como democrata, como antifascista, como defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também pela forma corajosa como se bateu ao longo destes longos anos contra a doença”.
Marisa Matias: “Um dos imprescindíveis”
A eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, lamentou a morte de João Semedo, considerando que era uma referência política fundamental que procurou sempre encontrar soluções que ajudassem à vida das pessoas.
“O João era um dos imprescindíveis. Creio que fica e ficará sempre a forma como ele se debateu por um país mais decente para toda a gente e a forma como o fez, com alma, com coração, com garra, sem nunca abdicar de nenhuma das lutas essenciais para a vida de toda a gente”, disse à Lusa Marisa Marias.
Na opinião da eurodeputada, João Semedo será recordado com mais ênfase naquilo que foi o seu papel na defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e mais recentemente da possibilidade da morte digna.
“O João teve uma atividade política muito transversal e foi um construtor de pontes que procurou sempre encontrar soluções para que pudesse haver entendimentos que ajudassem à vida das pessoas. Penso que isto é um legado fundamental e uma referência politica para muita gente. Para mim é fundamental”, salientou.
Marisa Matias lembrou ainda aquilo que classifica de o maior ato de amor em política feito por João Semedo quando já muito doente apareceu em Coimbra durante a campanha das presidenciais.
“É inevitável recordar aquele que eu acho que foi um dos atos de maior coragem e que classifiquei como o maior ato de amor na política durante a campanha das presidenciais quando o João Semedo já estava doente, tinha sido operado às cordas vocais, e, de surpresa apareceu num ato politico em Coimbra e falou sem cordas de vocais. Foi dos maiores atos de amor que vi em política e isso caracteriza muito bem o que era o João. Há muita gente boa a fazer politica e o João era seguramente dos melhores”, disse.
Mariana Mortágua: “Um homem assertivo, corajoso e incansável”
A deputada do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, lembra João Semedo como um homem assertivo, bem-humorado, trabalhador, corajoso e incansável, que deu um grande contributo na área da saúde e deixa um grande legado.
Em declarações à agência Lusa, Mariana Mortágua contou que João Semedo, que morreu hoje aos 67 anos, era um homem “incansável, com grande capacidade de trabalho e determinação como poucas pessoas têm”.
“Isso ficou muito visível no contributo que deu nas comissões de inquérito na Assembleia da República, inaugurando uma forma diferente de fazer esse trabalho. Ficará para sempre o seu contributo na comissão de inquérito ao BPN por exemplo esse trabalho foi reconhecido”, disse à Lusa a deputado do BE.
Mariana Mortágua recordou também o contributo de João Semedo na área da saúde como o testamento vital, de acompanhamento de doentes em urgência e a dispensa de medicamentos pós-operatórios.
“Há um conjunto de temas em que o João era um especialista e deixou esse contributo. Nos últimos tempos participou em duas enormes campanhas: uma pela nova lei de bases da saúde e outra em que se empenhou com muito afeto e vontade que foi a despenalização da morte assistida”, contou.
De acordo com Mariana Mortágua, o “legado e o trabalho de João Semedo não deixou ninguém indiferente, nem aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar muito de perto dele, nem as pessoas que acompanhavam o contributo político e ativista”.
“Portanto foi uma vida de luta, de contributo a dar ao país, à vida politica e isso acho que nos marcou a todos muito e marcou muito o país e fez tudo isto com bom humor, com a coragem e sempre com uma forma muito particular de fazer política”, disse.
A deputada do Bloco lembrou que quando chegou ao parlamento João Semedo lhe disse sobre as intervenções políticas que nem sempre era preciso falar mais alto para vencer um debate.
“Era um homem assertivo, bem-humorado, trabalhador, corajoso e mais uma vez não deixou ninguém indiferente e deixa-nos a todos um grande contributo mas também uma perda também do seu contributo pela falta que vai fazer”, concluiu.
PS: “Combatente pela liberdade e humanista ao serviço da medicina”
O PS considera que o ex-coordenador do Bloco de Esquerda foi um combatente pela liberdade e um humanista ao serviço da medicina que “tocou no coração” de pessoas de todo o espetro político, conforme transmitiu à Lusa a porta-voz do PS, Maria Antónia Almeida Santos.
“O PS e os socialistas receberam com profunda tristeza esta notícia. João Semedo foi um combatente pela liberdade, um democrata e um resistente até ao fim por várias causas. O PS envia as mais sentidas condolências à sua família e ao Bloco de Esquerda”, referiu a deputada.
A porta-voz do PS salientou que, enquanto médico, João Semedo “foi um humanista que entregou a medicina ao serviço da política”.
“Como deputado foi um lutador sempre leal. Apesar das diferenças, foi um político com quem sempre deu gosto partilhar e discutir as nossas posições. Tocou no coração de pessoas de todo o espetro político”, apontou Maria Antónia Almeida Santos, afirmando ainda que “todos os que tiveram a sorte de privar” com João Semedo “vão ter muitas saudades”.
Rui Rio recorda João Semedo como político que lutou “sempre por causas e convicções”
O presidente do PSD, Rui Rio, recordou João Semedo, que morreu hoje, como alguém que estava na vida pública “por convicções e não por qualquer interesse pessoal”, considerando que o antigo coordenador do BE fará “falta à política portuguesa”.
“O dr. João Semedo era alguém que vou guardar na minha memória como uma pessoa que estava na vida pública por causas e convicções e em circunstância alguma por qualquer interesse pessoal. Isso hoje vai escasseando cada vez mais e, portanto, tenho um grande respeito por toda a gente que está assim na vida pública”, destacou Rui Rio, em declarações à agência Lusa.
O ex-coordenador do BE faleceu hoje, aos 67 anos, depois de anos de luta contra o cancro.
“Pese embora as grandes diferenças ideológicas que tínhamos, eu acho que o dr. João Semedo faz realmente falta à política portuguesa”, salientou.
Rio conhecia pessoalmente João Semedo “há muitos anos” e recordou que, quando foi presidente da Câmara Municipal do Porto, o antigo deputado do BE colaborou num programa de combate à toxicodependência na cidade.
A última vez que os percursos de ambos se cruzaram foi no âmbito do movimento criado por João Semedo, “Direito a morrer com dignidade”, pela despenalização da eutanásia, causa também apoiada pelo presidente do PSD.
“Naturalmente que não tive qualquer problema em colaborar com alguém que tinha a mesma convicção que eu, independentemente de termos alinhamentos partidários diferentes”, afirmou Rio, reiterando o respeito que manterá pela memória de João Semedo “pela forma como se dedicava à causa pública, sempre por convicções”.
CDS: “Amor à liberdade, respeito, convicções e coragem”
A deputada e dirigente do CDS-PP Isabel Galriça Neto lamenta a morte de João Semedo, lembrando, apesar das divergências, o “bom amigo”, com uma vida de “amor à liberdade, respeito, convicções e coragem”.
“No dia da sua morte, e celebrando a sua vida, quero falar daquilo que está para além das divergências na política, que é o amor à liberdade, o respeito, as convicções, a coragem, e esses são valores que eu reconheço na vida do João Semedo, permanecem na minha memória, e hoje curvo-me perante essa memória”, disse à Lusa Isabel Galriça Neto.
A deputada, que é médica, e foi recentemente um dos rostos contra a despenalização da morte assistida, uma causa de João Semedo, sublinhou que além das “profundas divergências” que tinham, existiu sempre respeito mútuo e o antigo coordenador do Bloco foi “um bom amigo”.
Galriça Neto defende que a vida de João Semedo incorporou a “ideia de construção do bem comum” e da necessidade de, com coragem, de lutar por valores.
Ministro da Saúde: “Homem sério e bom”, dedicado à causa pública
O ministro da Saúde sublinha o exemplo de vida de João Semedo, que classifica como um homem sério e bom, sempre dedicado à causa pública.
“Era a notícia que todos aguardávamos, mas que ninguém queria receber. Infelizmente, apesar do João dizer que a morte o apanharia feliz, a nós deixa-nos tristes”, disse o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
O governante sublinhou o exemplo de vida de João Semedo, frisando: “Era um homem sério e bom, dedicado à causa publica e com um sentido muito apurado do que é o dever de cada um de nós para com os outros”.
“Nesse sentido temos tido um ano difícil, foi o António Arnaut e agora o João Semedo. São pessoas que vão fazer muita falta”.
“O Semedo estará sempre no nosso pensamento, pelo exemplo de vida, pela coragem com que lidou com a doença, pela dignidade como soube aceitar o fim da vida e como morreu”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.
Fernando Rosas: “O político que travou batalhas até ao fim”
O historiador e ex-deputado do BE Fernando Rosas disse à Lusa que João Semedo foi um político determinado que marca a esquerda portuguesa e que “travou batalhas e lutas até ao fim”.
“Foi um homem livre, tranquilo, determinado e que travou batalhas até ao fim” disse o historiador Fernando Rosas.
Fernando Rosas, historiador, fundador e ex-deputado do Bloco de Esquerda recorda que João Semedo, “consciente da sua situação de saúde manteve-se sempre empenhado nas questões políticas em que acreditava” recordando que esteve envolvido no processo da despenalização da eutanásia que – “não passou no Parlamento, mas há de passar um dia” e também na defesa do Sistema Nacional de Saúde (SNS) “juntamente com António Arnaut (PS) que faleceu recentemente.”
“João Semedo nunca desistiu de lutar. Foi militante e dirigente do Partido Comunista Português, mesmo antes do 25 de Abril, e dirigente do Bloco de Esquerda até à morte”, acrescentou Fernando Rosas.
Ferro Rodrigues: Um “homem de diálogo” que deixa uma “imensa saudade”
O presidente da Assembleia da República recorda o ex-dirigente do Bloco de Esquerda como um “homem de diálogo e de convicções” e que deixa uma “imensa saudade”.
Ferro Rodrigues afirma, numa mensagem colocada no ‘site’ do parlamento que Semedo, “como dirigente e coordenador do Bloco de Esquerda contribuiu decisivamente para a consolidação do partido e para a atual solução de governo”, com o executivo minoritário do PS com o apoio parlamentar dos partidos à esquerda.
Enquanto ex-deputado do BE durante vários anos, deixa no parlamento “uma imensa saudade” e “foi sempre um homem de diálogo e de convicções”, lê-se na mensagem de Ferro Rodrigues, que disse ter recebido a notícia da morte de João Semedo com “muita tristeza”, apesar de não ser inesperada.
O presidente da Assembleia lembra ainda o médico e ex-militante comunista como “uma das principais personalidades políticas da última década e meia” e a sua “defesa cívica e política do Estado Social, e em particular do serviço nacional de saúde” como algo que “perdurará como exemplo na memória de todos”.
com Lusa