“Eu ganhei eleições e não pude governar”, afirmou, depois de exercer o seu direito de voto nas eleições diretas para a escolha do seu sucessor.
Sobre o seu futuro, garantiu que não estará na primeira linha de actividade partidária, mas assegurou que continuará a acompanhar a vida do PSD.
“Saio de bem comigo e com os outros”, sublinhou.
Pedro Passos Coelho chegou cerca das 14:10 ao hotel de Lisboa onde se concentram as mesas de voto do concelho e votou cerca de 15 minutos depois, cumprimentando antes e depois alguns militantes do partido.
Aos jornalistas, disse esperar “que o PSD possa encontrar nos portugueses um motivo de grande mobilização, de responsabilidade e de exigência e que os portugueses possam olhar para o PSD com confiança e com esperança”.
Questionado se vaticina que o próximo líder do partido vai cumprir um mandato tão longo como o seu, quase oito anos, Passos Coelho escusou-se a fazer previsões.
“Não há ninguém que possa dizer com segurança qualquer coisa nesse domínio, espero que o próximo líder do PSD se possa afirmar plenamente, se possa bater por um bom resultado, o que para o PSD é ganhar, e depois possa governar”, afirmou, salientando que, nas últimas legislativas, o PSD foi o partido mais votado mas não governou, devido à união da esquerda que chumbou no parlamento o programa do executivo PSD/CDS.
Passos Coelho disse estar convencido de que o PS, enquanto for possível “mascarar muitos problemas para futuro e fazer concessões de curto prazo”, procurará reeditar a actual solução governativa.
“Ao PSD, no futuro, não bastará ganhar as eleições. Os portugueses, se quiserem um governo liderado pelo PSD, vão ter de votar de forma muito significativa no PSD para que não aconteça o que aconteceu nas ultimas eleições”, alertou.
No entanto, Passos Coelho recusou sair do cargo com alguma frustração, embora admita que gostava de ter continuado no governo para cumprir “o programa de duas legislaturas” que tinha para o país.
Sobre o seu futuro, o ainda presidente do partido disse que hoje espera conhecer e felicitar o seu sucessor, oportunamente fazer uma transição de pastas e, depois do Congresso de fevereiro, passá-las definitivamente ao próximo líder.
“Vou tratar da minha vida, que não será de líder do PSD, nem de candidato a líder do PSD”, afirmou, assegurando, no entanto, que continuará a olhar sempre para a política e o partido “de forma muito atenta”.
Sobre a campanha interna, Passos Coelho considerou-a esclarecedora, dizendo que ambos os candidatos “calcorrearam o país” e que houve espaço para debater o partido, mas também propostas para o exterior.
Passos Coelho anunciou em 03 de outubro que não se recandidataria ao cargo que ocupa desde março de 2010, na sequência dos resultados das eleições autárquicas de 01 de outubro.
Mais de 70 mil militantes do PSD vão poder escolher hoje o próximo presidente social-democrata e sucessor de Pedro Passos Coelho nas eleições diretas disputadas entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio.
De acordo com a secretaria-geral do PSD, os militantes com quotas pagas até ao fecho dos cadernos eleitorais (15 de dezembro) e que podem votar hoje são 70.385, universo eleitoral semelhante ao de outras diretas em que houve disputa.
As eleições internas no PSD decorrem hoje entre as 14:00 e as 20:00, em 396 mesas de voto distribuídas em Portugal continental, Açores, Madeira, Europa e Fora da Europa, estando envolvidas cerca de 2.800 pessoas no processo eleitoral.
Além do próximo presidente do PSD, os militantes sociais-democratas elegerão ainda os delegados ao Congresso, que se realizará entre 16 e 18 de fevereiro, em Lisboa, onde tomará posse o novo presidente do partido e serão eleitos os órgãos nacionais.