Isaltino Morais está a preparar o regresso à vida política. De acordo com informações recolhidas pela VISÃO, o ex-autarca que foi obrigado a deixar a presidência da câmara de Oeiras para cumprir uma pena de prisão tem andado em reuniões a planear uma candidatura àquela autarquia nas eleições autárquicas de 2017.
Por decidir está com que apoios o fará – já que o movimento independente Isaltino Oeiras Mais à Frente é neste momento encabeçado por Paulo Vistas, actual presidente da câmara de Oeiras, e ambos terão entrado em ruptura depois de Vistas ter retirado os pelouros a uma vereadora próxima de Isaltino. O clima não é de guerra aberta mas a tensão é notada pelos mais próximos.
A VISÃO entrou em contacto com Isaltino Morais para confirmar esta informação e saber o que faz agora e como sobrevive depois de ter passado 429 dias na cadeia e outros tantos dias em liberdade condicional. O ex-autarca nada quis comentar.
Depois de ter deixado a prisão da Carregueira a 24 de Julho de 2014, 20 quilos mais magro e com dois sacos na mão, Isaltino Morais só conseguiu estar debaixo dos holofotes por breves momentos. Lançou um diário dos dias passados na cadeia, “A minha prisão”, e aproveitou a promoção da obra para dar entrevistas. E se grande parte dos portugueses se esqueceu dele, os oeirenses não – ainda o idolatram, tratam-no por “senhor presidente” e pedem-lhe que regresse. Isaltino responde continuando a estar no meio deles, sendo visto com frequência em eventos do concelho.
O ex-autarca que se queixou numa entrevista ao “Expresso” de que uma reforma de 1200 euros líquidos não dava “para ficar parado”, tem estado ligado a projectos em Angola e Moçambique, mas fontes próximas dizem não estar a ser propriamente um êxito.
Na verdade, Isaltino Morais também nunca escondeu a vontade de voltar à política. “Morrer politicamente, morre-se muitas vezes e depois ressuscita-se”, escreveu no seu livro, editado pela Esfera dos Livros. Isaltino foi eleito sete vezes consecutivas. Quando se candidatou em 2009, já sabia que, mesmo que pudesse cumprir os quatro anos à frente da autarquia, não poderia voltar a candidatar-se em 2013 porque uma nova lei limitava os mandatos dos presidentes da câmara e das juntas de freguesia. A ideia era impedir a continuidade dos “dinossauros autárquicos” promovendo a renovação. A lei não impede, porém, que depois de um interregno se voltem a candidatar.
A edição da VISÃO que amanhã vai para as bancas revela ainda a nova vida de outros 16 políticos, banqueiros e empresários caídos em desgraça na sequência de processos judiciais ou escândalos mediáticos. Miguel Relvas, Dias Loureiro e João Rendeiro foram alguns dos que aceitaram falar com a VISÃO.