“Não existe correspondência simples entre o conteúdo dos contratos e a caracterização dos ficheiros”, disse o ex-ministro das Fianças Vítor Gaspar, na comissão parlamentar de Inquérito à Celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro (‘swap’) por Empresas do Setor Público.
Vítor Gaspar falava depois de ter sido confrontado pelo deputado do PS João Galamba sobre o segundo email enviado à atual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, quando esta era secretária de Estado, pelo antigo diretor-geral do tesouro e Finanças Pedro Felício, em junho e julho de 2011.
Os e-mails, a que a agência Lusa teve acesso, já continham informação sobre ‘swap’ e indicavam uma perda potencial de 1,5 mil milhões de euros, sendo que o segundo e-mail enviado continha um anexo com detalhe dos instrumentos de gestão de risco das principais empresas, dos bancos e tipo de contrato e ainda mais informação sobre a renegociação de dívidas das empresas com bancos internacionais.
Contudo, Vítor Gaspar insistiu que “essa correspondência não é possível” e que a informação que constava no documento enviado por Pedro Felício “é sumária, é insuficiente”.
“As características dos contratos, o tipo de contratos, estão listados, e nisso tem razão, é completamente rigoroso. Mas é o mesmo que dizer que a biografia do deputado João Almeida está inteiramente decorrente da listagem do deputado na lista telefónica”, exemplificou.
Quanto à atuação do Governo e, especificamente, da então secretária de Estado, atual ministra das Finanças, Vítor Gaspar frisou ainda que “não houve nenhuma inação”.
“Esse período de inação não existe. É absolutamente claro que a gestão de custos e riscos financeiros foi efetiva.A atuação da ministra foi eficaz e efetiva”, disse.
O ex-governante fez questão de sublinhar que “os contratos foram negociados e contratados antes do período” da chegada ao poder do atual Governo.