Uma visita guiada aos lugares de Leonor Teles
Não é difícil imaginar o que terá sentido o infante D. Fernando, quando foi obrigado a assistir às cerimónias de trasladação de Inês de Castro para o magnífico túmulo de Alcobaça, promovida a rainha depois de morta, enquanto a sua própria mãe, D. Constança Manuel, infanta de Castela, ficava esquecida num mosteiro fora de portas de Santarém. A verdade é que quando chegou ao trono, D. Fernando escolheu o convento de S. Francisco, em Santarém, para lhe fazer justiça: as obras de engrandecimento da igreja que escolheu também para seu panteão e de Leonor Teles, incluíram a construção de um coro de dimensões nunca antes vistas, tendo entregue a construção das arcas funerárias a um escultor que se calcula ter sido de origem inglesa e que rompeu com a estética do passado. Estima-se que terá sido em outubro de 1375 que aqui aconteceu, com a maior pompa e circunstância, a trasladação dos restos mortais de D. Constança Manuel, e sabe-se com certeza que aqui foi sepultado D. Fernando I, no outono de 1383. E tanto numa, como noutra ocasião, os presentes tiveram de passar sob as armas do rei e de Leonor Teles que encimam a abóboda logo à entrada, marco de uma governação que foi sempre conjunta.
Leonor Teles morreu no exílio, não sendo sepultada ao lado do marido, como projetado por ambos, e o túmulo do rei D. Fernando I foi alvo do vandalismo a que todo o convento foi sujeito, mas felizmente foi finalmente posto a salvo no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, onde pode e deve ser admirado.