A informação foi avançada hoje pela organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF).
A ONG denunciou que “jornalistas e meios de comunicação estão na mira das forças armadas russas” e aplaudiu “a coragem” dos “milhares” que continuam a cobrir o conflito, “apesar de um contexto de segurança que só piora”.
A RSF tem documentados mais de 50 ataques contra mais de 100 jornalistas, que resultaram em mortes, ferimentos, sequestros, tortura ou traumas causados pelos bombardeamentos.
Para mais, nas zonas ocupadas “as vozes independentes locais foram reduzidas a nada”.
A responsável da RSF para a Europa, Jeanne Cavelier, indicou que “os meios são vítimas diretas da invasão russa da Ucrânia. Desgraçadamente, em 2023, como em 2022, jornalistas que trabalhavam no terreno pagaram o seu trabalho com a vida”.
No último ano, morreram dois jornalistas na Ucrânia, o franco-bósnio Arman Soldin, da AFP, vítima de uma ‘chuva’ de morteiros, em 09 de maio, quando cobria o conflito perto de Bakhmout, e o ucraniano Bohdan Bitik, que colaborava com o correspondente do diário italiano La Republica, perto de Kherson, onde foi abatido por um ‘sniper’ russo.
Antes, durante o primeiro ano de guerra foram mortos nove jornalistas e feridos outros 35.
A RSF denunciou disparos contra torres de televisão, locais de redações ou lugares habitualmente frequentados por jornalistas.
Expôs ainda que pelo menos 12 jornalistas estão detidos nas regiões ocupadas e o desaparecimento de Victoria Roshchyna, colaboradora da Ukrainska Pravda, cujo paradeiro se ignora desde 04 de agosto, e Dmytro Khyliuk, que trabalhava para a agência noticiosa em linha Unian, que se suspeita esteja detido na Federação Russa.
A ocupação russa, o quase desaparecimento do mercado publicitário, a falta de trabalhadores e a destruição de material são algumas das razões que explicam o encerramento de 233 meios ucranianos desde o início da invasão russa, ainda segundo a ONG.
A RSF já apresentou oito queixas por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional e na justiça ucraniana, além de outros dois junto da justiça francesa.
RN // RBF