Sergei Lavrov garantiu esta terça-feira, em entrevista à televisão estatal, que a Rússia não tem planos para usar armas nucleares nem de destruição em massa na Ucrânia. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que os Estados Unidos da América estão a intervir diretamente no conflito, e não apenas através do envio de material militar, mas pôs água na fervura quanto à possibilidade de uma escalada para uma guerra nuclear.
“Como já afirmou repetidas vezes o presidente da Rússia, a nossa doutrina nuclear é de retaliação e visa o propósito de evitar a destruição da Federação Russa por via de ataques nucleares ou com outro tipo de armas que ponham em perigo a existência do estado russo. Esta é a resposta completa e espero que aqueles que constantemente especulam sobre uma guerra nuclear ou sobre alegadas provocações da Federação Russa com recurso a armas de destruição em massa entendam a responsabilidade que têm”, declarou o chefe da diplomacia russa.
Nas últimas semanas, Vladimir Putin e o seu antecessor na presidência, Dmitry Medveded, têm abordado publicamente o assunto, em tom de ameaça, o que fez aumentar a tensão no Ocidente, com vários responsáveis políticos, Joe Biden à cabeça, a prometerem uma resposta à altura, se a Rússia tomasse tal iniciativa.
Lavrov parece querer agora desanuviar essas nuvens negras, estendendo a mão aos EUA para uma possível negociação da paz entre as duas potências, na próxima cimeira do G20, marcada para 15 e 16 de novembro, em Bali, na Indonésia. O ministro desmentiu as recentes alegações do governo norte-americano, que acusa a Rússia de não desejar um cessar-fogo negociado, e mostrou abertura para um encontro entre Putin e Biden, desde que haja “uma proposta séria”.
Convém, no entanto, recordar que o próprio Putin já tinha afirmado que a Rússia estava pronta para conversações de paz com a Ucrânia, mas retirando de cima da mesa, logo à partida, a possibilidade de devolver os territórios anexados através de referendos não reconhecidos internacionalmente. Uma afronta que teve como resposta dos ucranianos a recusa de qualquer negociação da paz enquanto Vladimir Putin for presidente da Rússia.
Na mesma entrevista, Lavrov referiu ainda que “os norte-americanos estão, de facto, a participar” na guerra da Ucrânia “há muito tempo”, assumindo a existência de cada vez mais informações que apontam nesse sentido. “Não estão só a armar Zelensky e o seu regime. Estão a providenciar dados de inteligência via satélite”, acusou.