Após uma reunião na capital ucraniana em março, o bilionário proprietário do clube de futebol inglês Chelsea e pelo menos dois membros seniores da equipa de negociadores ucranianos “desenvolveram sintomas” suspeitos, escreveu o jornal norte-americano, citando fontes próximas.
Os sintomas – olhos vermelhos e lacrimejantes, rosto e mãos esfoladas – deixaram de se fazer sentir mais tarde “e as vidas [dos indivíduos em causa] não estão em perigo”, pode ler-se.
O portal de jornalismo de investigação Bellingcat também confirmou “que três membros da delegação que participou nas conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia na noite de 03 para 04 de março registaram sintomas consistentes com o envenenamento com armas químicas” e que “uma das vítimas foi o empresário russo Roman Abramovich”.
As fontes do Wall Street Journal sugeriram um possível envenenamento, apontando como suspeitos defensores de linha dura de Moscovo que alegadamente querem sabotar e colocar um fim às negociações para acabar com a guerra na Ucrânia.
No entanto, uma fonte próxima de Abramovich disse não ter a certeza de quem tinha visado o grupo, acrescentando que os peritos ocidentais tinham sido incapazes de determinar a causa dos sintomas, segundo o jornal.
O Wall Street Journal confirmou em todo o caso que o oligarca russo, que é considerado próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e já foi alvo de sanções da União Europeia e do Reino Unido na sequência da invasão, começou a fazer uma ligação entre Moscovo e a Ucrânia como parte de um esforço de mediação para colocar um ponto final no conflito.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no domingo que vários empresários russos, incluindo Abramovich, se tinham oferecido para ajudar a Ucrânia.
O Wall Street Journal revelou, na semana passada, que o Presidente ucraniano tinha pedido ao homólogo norte-americano, Joe Biden, para não sancionar Abramovich, argumentando que o oligarca poderia desempenhar um papel nas negociações de paz.
O bilionário russo não está na lista dos oligarcas sancionados por Washington, embora a mesma tenha sido alargada várias vezes, a última das quais na quinta-feira.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 143 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 216 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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