Depois de uma campanha eleitoral dominada pelos temas da crise económica e do crescimento da imigração, Friedrich Merz, que conduziu a União Democrata-Cristã (CDU) ao triunfo nas urnas, não perdeu tempo a mudar o foco do seu discurso. Na proclamação de vitória, no domingo, 23, logo que foram conhecidos os resultados que lhe entregam a cadeira de chanceler, ele anunciou que, sob o comando do governo que pretende formar, “a prioridade absoluta” da Alemanha passa por um objetivo central: “Fortalecer a Europa o mais depressa possível para que, passo a passo, possamos realmente alcançar a independência em relação aos Estados Unidos da América.”
Essa declaração foi lida, de imediato, como uma mudança de paradigma na política alemã, que representa a maior alteração estratégica de Berlim desde a reunificação do país. E ganha ainda maior significado por ter sido proferida por um político que sempre se declarou um “atlantista” convicto e que na sua vida profissional, como advogado, trabalhou com e em grandes empresas norte-americanas. A diferença é que, entretanto, o poder também mudou em Washington e Merz sabe que a Alemanha tem uma responsabilidade acrescida como terceira maior economia mundial e como “motor” da União Europeia.