O governo liderado por Michel Barbier foi destituído esta quarta-feira por uma moção de censura apresentada pela aliança de esquerda Nova Frente Popular e apoiada pelo partido de extrema-direita, União Nacional, que já tinha tido uma iniciativa semelhante. Numa votação histórica, os 331 deputados presentes na Assembleia votaram a favor da deposição do executivo francês, no poder há poucos meses (eram necessários apenas 288 votos para derrubar o governo). O governo de Barbier tornou-se o primeiro dos últimos 60 anos a ser forçado a sair por uma moção de censura e o executivo foi o mais curto da história da França desde 1958.
Na segunda-feira, Barbier tinha recorrido ao artigo 49.3 da Constituição francesa para aprovar, sem o voto parlamentar, um projeto orçamental para a segurança social.
Barnier, que governava em minoria há poucos meses, terá agora de apresentar a sua demissão ao Presidente Emmanuel Macron, que, por sua vez, terá de nomear um novo chefe de Governo, não sendo possível convocar novas eleições legislativas até, pelo menos, julho do próximo ano. O Presidente francês reúne-se esta quinta-feira com o ainda primeiro-ministro.
A queda do governo de Barnier agrava a crise política já instalada em França desde a dissolução, em junho, da Assembleia Nacional por Macron, na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições europeias.
Após a votação, Marine Le Pen, líder parlamentar do partido Rassemblement National, apontou as culpas para Macron. “Ele assumirá suas responsabilidades. Ele fará o que sua razão e consciência lhe ditarem. Mas ele tem certeza de que é o grande responsável pela situação atual”, disse em declarações ao canal francês TF1. “Tínhamos uma escolha a fazer e a escolha que fizemos foi proteger os franceses”, acrescentou.
Está também prevista para hoje uma greve da função pública francesa com manifestações por todo o país. A ação de protesto foi convocada por oito sindicatos para mostrar o desagrado da população sobre as medidas de poupança previstas no projeto de orçamento para 2025.