“Procurámos identificar as grandes linhas com que Calouste Gulbenkian escolhia os seus objetos. Temos objetos do Egito até Art Déco, desde ouro até vidro em que há sempre algo comum: a importância da preciosidade dos materiais empregues, a excelência da execução, a importância da proveniência e a raridade. O visitante partilha o caráter íntimo destes objetos”, disse Nuno Vassalo e Silva, diretor da Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris e comissário da exposição, em declarações à Agência Lusa.
A exposição “Gulbenkian por ele próprio, na intimidade de um colecionador” abriu esta semana no Hotel de la Marine, em parceria com a coleção Al Thani, propriedade do príncipe do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani, que durante 20 anos vai utilizar uma parte deste museu francês para expor a sua vasta coleção.
“Foi uma verdadeira colaboração. Nós tínhamos objetos que queríamos muito que viessem, alguns deles que não podiam viajar, mas fomos acertando com a Fundação quais os objetos a trazer aqui. Para nós ter os painéis de tecido e o quadro do Duque Richelieu era muito importante porque são objetos que terão passado pelo Hotel de la Marine”, referiu Amin Jaffer, conservador principal da coleção Al Thani.
Entre as obras que viajaram de Paris para Lisboa, está assim o retrato do marechal-duque de Richelieu, Louis-François-Armand de Vignerot du Plessis, da autoria de Jean-Marc Nattier, assim como tecidos que terão pertencido à Rainha Maria Antonieta, não esquecendo o diadema “Galo” de René Lalique – o artista vivo na sua época que Calouste Gulbenkian mais comprou – ou o estojo em ouro e marfim da autoria de Nicolas Collier.
Para algumas destas peças, trata-se de um regresso a Paris, já que o Hotel de la Marine serviu desde o reinado de Luís XV como guarda móveis para a família real francesa, tendo passado por aqui muitos móveis, pinturas e outras obras de arte que acabaram na coleção de Calouste Gulbenkian.
Para outras é também um regresso porque o armador arménio viveu em Paris vários anos, tendo começado na capital francesa a desenvolver a sua coleção.
“Mesmo ao lado desta exposição, Calouste Gulbenkian teve um escritório, aqui no início da Rue Royale e na Praça da Concórdia, do outro lado, estava o seu primeiro apartamento no Quai Anatole France, onde tinha um apartamento de dois andares, onde ele via o Hotel de la Marine”, contou Nuno Vassalo e Silva.
O Hotel de la Marine é o mais recente museu da capital francesa, tendo sido inaugurado há um ano por Emmanuel Macron, numa obra de restauro que custou mais de 130 milhões de euros.
Esta exposição decorre no quadro da Temporada Portugal-França, uma iniciativa de diplomacia bilateral entre Portugal e França que visa aprofundar o relacionamento cultural entre os dois países e pode ser vista até dia 02 de outubro no Hotel de la Marine, em Paris.
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