Os Jogos Olímpicos de Pequim começam já esta sexta-feira, dia 4 de fevereiro, e se chegar a esta competição é um objetivo árduo, agora parece ser ainda mais complexo fugir à infeção por Covid-19. A ideia era que o espaço dos Jogos fosse uma fortaleza anti-Covid mas essa missão não parece estar a ser bem sucedida: o Comité Organizador já contabilizou dezenas casos desde 23 de janeiro, entre chegadas ao aeroporto e os participantes que já estão no circuito.
O comité criou um sistema de “circuito fechado” que depende de testes regulares para detetar infeções e requisitos rígidos de isolamento para impedir a propagação de casos. Para competir, os atletas devem seguir os protocolos de entrada no circuito e estas regras podem tornar-se mais rigorosas se os casos começarem a aumentar ou se as autoridades de saúde ficarem preocupadas com os surtos na “bolha” olímpica.
Para que os atletas possam participar nos Jogos têm de ser vacinados contra a Covid-19 ou cumprir uma quarentena de 21 dias, caso não tenham sido inoculados. É necessário também que testem duas vezes negativo antes de voarem para Pequim, pelo menos 96 e 72 horas antes do embarque.
Caso algum atleta esteja positivo, como foi o caso de Valeria Vasnetsova, biatleta russa que testou positiva já no aeroporto, o percurso nos Jogos já fica condicionado. “Infelizmente, o meu sonho olímpico continuará a ser apenas um sonho”, disse. Se os atletas testarem positivo no aeroporto, é-lhes pedido mais testes. Caso estes continuem positivos, o atleta fica permanentemente em isolamento. Se o segundo e o terceiro teste forem negativos, o atleta pode treinar e competir como planeado. Até que os resultados estejam disponíveis, o atleta deve permanecer no quarto da Aldeia Olímpica.
No entanto, se o teste adicional for positivo, e o atleta não apresentar nenhum sintoma, este muda-se para um hotel de isolamento, designado pelo Comité. Se o atleta apresentar sintomas – febre, tosse ou qualquer outra condição– é transferido para um hospital para receber atendimento médico. Os atletas podem recusar ser admitidos no hospital se os sintomas não forem graves, mas devem assinar um termo de responsabilidade pela sua saúde e permanecer no hotel em isolamento.
Nas instalações de isolamento os participantes fazem testes diários PCR, é-lhe medida a temperatura e qualquer outro atendimento médico de que precisem. Para sair do isolamento, precisam de ter dois testes PCR negativos com pelo menos 24 horas de intervalo e não apresentar sintomas de Covid-19. Estes podem retornar os treinamentos e à competição, embora geralmente leve vários dias para testar negativo após a infeção, e alguns atletas podem ter perdido a sua vez de competir.
Quando chegam à arena, os atletas são testados regularmente para detetar eventuais infeções: são realizados testes diários PCR e é-lhes medido a temperatura regularmente. No entanto, mesmo estando negativos e controlados, os participantes podem ser identificados como um contacto próximo de alguém que deu positivo, ou seja, qualquer pessoa que tenha estado pelo menos 15 minutos sem máscara com alguém que testou positivo.
Os atletas identificados como um contacto próximo podem continuar a treinar e competir, mas devem tomar medidas adicionais durante 14 dias: ficar em quarentena numa sala, andar nos veículos olímpicos em que sejam os únicos passageiros, comer sozinhos na sala ou numa mesa separada nos refeitórios, usar máscara – exceto ao comer ou treinar – e evite interagir com outras pessoas. No entanto, não podem treinar em ambientes fechados, ou só podem treinar isolados. Seis horas antes de competir, os atletas têm de fazer um teste de PCR.
Apesar de já terem sido contabilizadas duas centenas de novos casos, o Comité garante que está a fazer de tudo para que os Jogos sejam um espaço de competição seguro e calmo, onde os atletas cumprem todas as regras e não correm o risco de ficar infetados e perder a competição, que dura até dia 22 de fevereiro.