Um dos principais desportos franceses consiste em diagnosticar o grau de declínio da pátria das Luzes e dos direitos humanos. A obsessão do assunto generalizou-se a tal ponto que o “declinismo” se tornou um conceito omnipresente, discutido por toda a gente, nas ruas, nas televisões e nas academias. Não se trata de uma moda recente. Charles de Gaulle, Presidente entre 1958 e 1969, encarregou-se logo de abordar a questão nas suas Memórias de Guerra, escritas após a derrota da Alemanha nazi. “Toda a minha vida, tive uma certa ideia da França. (…) De forma intuitiva, tenho a impressão de que a Providência a criou para os maiores sucessos ou para as desgraças exemplares”, que é como quem diz, no melhor e no pior, o país está condenado a fazer tudo em grande, como o mítico general sintetizou de forma lapidar: “No meu entender, a França não pode ser a França sem o esplendor.” Esta grandeur, este destino de magnificência descrito no livro publicado há mais de seis décadas, continua a ser objeto de análise, um pouco por todo o lado, e não é só no país com a forma de um hexágono – Yasser Arafat (o líder histórico dos palestinianos), Hugo Chávez (o militar revolucionário que mandou na Venezuela entre 1999 e 2013) e Bin Laden (chefe terrorista da Al-Qaeda) adoravam ler e citar De Gaulle.
A quatro meses das eleições em que o Presidente Emmanuel Macron joga a permanência no poder até 2027 (ver calendário), não é de estranhar que o debate incida no papel da França no mundo e da sua suposta perda de importância global, nos mais diferentes domínios.