De acordo com Ana González, presidente da câmara da cidade, citada pelo El País, deixará de ser feita a concessão da Praça de El Bibio à empresa Circuitos Taurinos, nem se convocará outro concurso para a sua exploração. O festival taurino de Begoña, que teve lugar de 13 a 15 de agosto, em Gijón, “acabou”, uma vez que, na opinião do governo camarário, “várias linhas foram ultrapassadas”. “Uma cidade que acredita na igualdade entre homens e mulheres, que acredita na integração, que acredita em portas abertas para todos não pode permitir que este tipo de coisas aconteça”, explicou a autarca.
O contrato tinha sido assinado em 2016 para os três anos seguintes, com opção de três prorrogações a cada ano. Depois das feiras de 2016, 2017 e 2018, o anterior presidente da câmara autorizou a primeira prorrogação para 2019. Mas, com a mudança de partido na presidência, foi concedida uma segunda prorrogação para 2020, embora a feira tenha sido adiada para 2021 devido à pandemia de Covid-19. Havendo a possibilidade de uma terceira prorrogação, sem obrigação de outorgá-la, e visto que quem decide é o contratante, “não haverá”, garante González, embora isso signifique uma perda 50 mil euros de rendimento anual para a cidade.
Há cada vez mais vozes em Gijón a questionar as celebrações das touradas. O Partido Socialista espanhol já tinha decidido, no seu congresso mais recente, acabar com o festival no próximo ano, e esta esta situação, que parece associar o espetáculo “a uma ideologia contrária aos direitos humanos”, segundo González, só veio acelerar o processo.
A União de Criadores de Touros de Lidia, que representa os interesses de 345 criadores de touros para touradas, explicou, na quarta-feira, que os touros apenas tinham aqueles nomes porque descendiam das vacas ‘Feminista’ e ‘Nigeriana’ e, de acordo com os regulamentos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura de Espanha, os machos têm de adquirir o nome da mãe.
Além disso, esta era uma “linhagem de mais de 35 anos e mais de quatro gerações, longe de qualquer contexto social e político”, acrescentou a associação espanhola.
Defensor das touradas, o Partido Popular Conservador (PP) de Gijón, realçou que estava a analisar se a decisão da presidente da câmara podia ser legalmente contestada. “Do PP vamos ser absolutamente contra qualquer pessoa que queira tirar liberdades”, referiu, prometendo ainda que, após as eleições daqui a dois anos, “um governo do PP organizará a melhor feira de touradas de Gijón”.
Por outro lado, para os partidos de esquerda e para muitos defensores dos direitos dos animais, a decisão foi bem recebida, com a jornalista espanhola Anita Botwin a publicar na sua conta da rede social Twitter um comentário irónico sobre o sucedido: “Um touro feminista que pôs fim ao festival de touradas em Gijón é justiça poética”, lê-se.