Depois da invasão das tropas israelitas à mesquita Al-Aqsa, durante os confrontos que aconteceram lá fora, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Este, os palestinianos que se encontravam presos no interior conseguiram finalmente fugir. Mas houve quem decidisse ficar para começar as limpezas que levarão à recuperação do local de culto.
O Conselho da Liga Árabe reúne-se hoje de emergência no Cairo para analisar a crescente tensão entre Israel e a Palestina, sobretudo os acontecimentos registados segunda-feira em Jerusalém. Prevista inicialmente para ontem, a cimeira extraordinária da Liga Árabe, presidida pelo Qatar, que exerce atualmente a presidência rotativa do Conselho, foi adiada para hoje face aos violentos confrontos registados na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, e que envolveram a polícia israelita e palestinianos.
Hossam Zaki, secretário-geral adjunto da Liga Árabe, disse que a reunião vai discutir os “crimes israelitas” e os “ataques contra locais sagrados islâmicos e cristãos na Jerusalém ocupada”, especialmente à Mesquita de Al-Aqsa, e ataques a fiéis.
Zaki acrescentou que a reunião também tratará dos planos israelitas para desalojar palestinianos das suas casas em Jerusalém Oriental, nomeadamente no bairro de Sheikh Jarrah.
O secretário-geral adjunto da Liga Árabe adiantou disse que a atitude de Israel é “uma tentativa de esvaziar a cidade sagrada dos seus residentes palestinianos.
O embaixador da Autoridade Nacional Palestiniana no Cairo, Diab Al-Louh, disse que a reunião tem de aprovar decisões e medidas práticas que estejam “ao nível deste evento catastrófico sem precedentes”.
Também deve elaborar uma “mensagem árabe unificada da Liga Árabe”, em que se afirme a necessidade de fornecer proteção internacional ao povo palestiniano “contra estas práticas sistemáticas de violações contínuas e de etapas perigosas de escalada” da violência.
Novos confrontos opuseram segunda-feira, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, fiéis palestinianos à polícia israelita, causando mais de 300 feridos, a grande maioria palestinianos, após um fim de semana de violência na cidade.
A situação agravou-se depois de o movimento islâmico Hamas, que governa na Faixa de Gaza, ter disparado dezenas de foguetes em direção a Israel como medida de retaliação contra a violência que afirma ter sido exercida pela política israelita contra fiéis palestinianos.
Várias explosões ouviram-se segunda-feira à noite em Jerusalém depois de terem soado as sirenes de alarme antiaéreas acionadas na sequência dos foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza, indicou o exército israelita, sem avançar pormenores.
Em resposta, o exército israelita anunciou na mesma altura “ter começado” a realizar uma série de ataques contra posições do Hamas na Faixa de Gaza, visando em particular um comandante das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas, que foi morto.
Fontes sanitárias palestinianas indicaram a ocorrência de uma explosão de origem desconhecida no norte da Faixa de Gaza, que provocou a morte a pelo menos nove pessoas, três delas crianças.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, considerou que o Hamas transpôs “uma linha vermelha” e prometeu uma reposta musculada do Estado judaico.
“As organizações terroristas em Gaza atravessaram uma linha vermelha durante a tarde no ‘Dia de Jerusalém’”, indicou Netanyahu, para acrescentar: “Israel reagirá com força (…), quem atacou o nosso território, a nossa capital, os nossos cidadãos e soldados pagará um elevado preço”.