É uma romaria mais que habitual. Todos os anos, perto do Dia Nacional da China, que se comemora a 1 de outubro, centenas de milhões de pessoas multiplicam-se em esforços para chegar aos lugares da comemoração – de carro, barco ou avião – tornando esta uma das épocas mais movimentadas do ano para viajar no país mais populoso do mundo. Este ano, mesmo com a sombra da pandemia, parece que não vai haver grandes diferenças.
Segundo a indústria do turismo, o confinamento dos meses anteriores parece até ter fomentado ainda mais o desejo de viajar. Com a autorização das viagens internacionais, vale quase tudo em nome do fortalecimento do consumo e da tão esperada recuperação económica pós-pandemia. Só esta-quinta-feira, estima-se que haja 13 milhões de pessoas em viagem. Ao todo, nestes oito dias em que dura o Festival da Lua, o país deverá registar qualquer coisa como 550 milhões de turistas domésticos.
“Depois de mais de meio ano de trabalho de prevenção e controlo da epidemia, este é o primeiro momento de grande movimentação a nível nacional e isso é muito importante para a indústria”, assinalou Xu Xiaolei, da CYTS Tours, citado pelo diário chinês Global Times – deixando claro que será um ambicioso teste ao sucesso da China em domar o vírus.
Um vírus sob controlo…
Não é um desafio simples. Um tão grande movimento de pessoas em tão curto espaço de tempo é, para já, impensável em muitas partes do mundo, onde os governos ainda lutam para controlar uma infeção de novo em movimento ascendente. Nos EUA, os mais recentes números apontam para mais de 7 milhões de infeções. Grande parte da Europa está igualmente a braços com uma segunda vaga. Mesmo os países largamente poupados pela primeira vaga, como a Grécia e a Croácia, viram os números crescer exponencialmente com a reabertura das fronteiras internas na Europa.
Nada que pareça preocupar muito os chineses, dada a transmissão local ser quase nula no país. Oiça-se o que Chen Qianmei, uma jovem de 29 anos da cidade meridional de Guangzhou, contou à CNN, depois de ter voado para Xangai esta semana. “Penso que a China conseguiu finalmente ter o vírus sob controlo”, frisou, assumindo, ainda assim, que continua a ter as suas precauções. “Estou a usar máscara e levo toalhetes com álcool para limpar as mãos, embora poucas pessoas o estejam a fazer por aqui”.
… com rastreios rigorosos
Detetado pela primeira vez em dezembro passado na cidade chinesa de Wuhan, desde março que o SARS CoV-2 tem sido dado como controlado. Nos meses seguintes, surgiram alguns surtos de pequena escala, combatidos através de rigorosas medidas de confinamento e programas de testes em massa. Mais ou menos desde meados de agosto, que o país não comunica nenhum caso transmitido localmente. E agora está a prometer um rastreio às chegadas do estrangeiro e aos trabalhadores que possam ter estado em exposição ao vírus.
Wu Zunyou, epidemiologista chefe do Centro de Controlo de Doenças chinês, garante mesmo que não há razão para receios, porque o vírus da pandemia já não está a circular por ali. “Embora ainda haja casos importados entre os viajantes que chegam à China em voos internacionais, estes são geridos em circuito fechado e não se propagarão pelas comunidades”.