São consideradas as armas mais mortíferas do mundo porque não têm um limite teórico do alcance possível. O que se sabe é que quanto mais combustível tiver, maior é a explosão. Por exemplo, quando os EUA detonaram a primeira bomba do género, em 1952 – na altura, a sua força destrutiva foi estimada em 700 vezes maior do que a da bomba atómica que destruiu Hiroxima, em 1945.
Mas a bomba de hidrogénio de que falamos é o fruto de um outro projeto, iniciado na União Soviética por Nikita Khrushchov, depois da morte de Estaline, em 1961. Com o nome de código Ivan, teria o parecer final num momento de grande tensão. Afinal, passavam poucos meses depois de levantadas as primeiras pedras do muro de Berlim. E também do fim da moratória a testes nucleares, que prenunciava ainda a intenção de levar armas para Cuba.
Acabaria por ficar conhecida como bomba “Tsar”, designação que remetia para a histórica prática russa de construir objetivos incrivelmente grandes, para mostrar poder. Exemplos? o Grande Sino (Tsar Kolokol), o maior canhão do mundo (Tsar Pushka) e o incrível Tsar Tank, um tanque de guerra muito particular. É nesta linha que se avança para a bomba Tsar, alimentada pela tensão dos dias mais negros da declarada Guerra Fria. Era a época em que soviéticos e americanos não competiam apenas para construir a maioria das armas. Cada um procurava também construir a maior bomba de todas.
A corrida mais louca do mundo?
“Era uma verdadeira corrida e os soviéticos venceram”, disse já Robert S. Norris, um historiador da era atómica, citado pelo New York Times. O vídeo revelado recentemente pela agência russa de energia nuclear – Rosatom – confirma a força do dispositivo. Qualquer coisa como 50 megatoneladas, ou 50 milhões de toneladas de explosivos convencionais. Isso tornou-a 3.333 vezes tão destrutiva como a arma utilizada em na ilha japonesa de Hiroxima. E também muito mais poderoso do que a arma de 15 megatoneladas detonada pelos Estados Unidos nos anos 1950, na sua maior explosão de bomba de hidrogénio.
Anteriormente, a Rússia já divulgara algumas imagens do dispositivo, conhecido oficialmente como RDS-220. Mas agora, o The Barents Observer, publicação da Noruega, publicou o vídeo completo do seu lançamento. São 30 minutos de um filme com legendas em inglês e música de fundo em tom triunfante. A legenda de abertura diz tudo: “Top secret”.
Alex Wellerstein, historiador nuclear do Stevens Institute of Technology em Hoboken, N.J., também já comentou, considerando que se trata de uma bela contribuição para o crescente corpo de informação conhecida sobre o assunto. “A descrição é muito mais completa do que normalmente o público receberia”. Só um último detalhe: a nuvem provocada pela detonação da bomba era tão grande que os fotógrafos soviéticos tiveram dificuldade em captar todas as suas dimensões.