Uma série de tweets publicados por Donald Trump entre 2011 e 2015 voltou hoje para o atormentar, na sequência da morte do general iraniano Qassem Suleimani por um drone americano, esta madrugada, em Bagdad.
Quando Barack Obama preparava a sua reeleição nas presidenciais de 2012, Trump acusou-o sistematicamente de planear um ataque contra o Irão de forma a ser beneficiado nas urnas. “Cuidado, republicanos! Não deixem Obama jogar a ‘cartada’ do Irão para ser eleito.”
Neste início de ano em que Donald Trump tenta ser reeleito e enfrenta um processo de destituição no Senado, estará ele a jogar a “cartada” que lhe resta para ser, de alguma forma, glorificado junto da opinião pública americana? Se ele acreditava que uma guerra com o Irão garantiria a eleição de Obama – tal como Bush foi beneficiado com a guerra no Iraque – estará ele a seguir a mesma lógica, tentando assegurar o seu lugar na Casa Branca?
No ano passado foi noticiado que os generais norte-americanos conseguiram convencer Trump a cancelar, no último instante, um ataque militar contra o Irão. Em 2018, já tinha deixado no Twitter uma mensagem ameaçadora para o presidente do Irão, toda escrita em maísculas.
Durante várias horas desta manhã, quando o mundo noticiava o ataque em Bagdad, o Twitter do presidente americano manteve-se estranhamente calmo, revelando apenas uma mensagem com a bandeira dos EUA. Mas depressa voltou à atividade normal, com Trump a escrever que “o Irão nunca ganhou uma guerra mas nunca perdeu uma negociação”, que “o povo do Iraque não quer ser dominado e controlado pelo Irão” e que Suleimani “já deveria ter sido ‘retirado de cena’ há muito tempo!”
O Departamento de Estado norte-americano lançou um alerta aconselhando todos os cidadãos a abandonarem “imediatamente” o Iraque.