“Se dar água a alguém que está a morrer de sede é ilegal, que humanidade resta na lei deste país?” As palavras são de Catherine Gaffney, voluntária da associação americana “No More Deaths” (Mais mortes não) e foram feitas através de um comunicado depois de ela, e mais três outras mulheres, terem sido condenadas por deixarem água e alimentos para imigrantes numa zona junto à fronteira com o México.
Depois de um julgamento de três dias, o juiz do tribunal federal de Tucson, no Arizona, deu como provada a culpa das mulheres. A pena pode ir até seis meses de prisão.
O caso remonta ao verão de 2017, quando as temperaturas naquela zona eram escaldantes. Catherine Gaffney e mais três amigas foram até à fronteira sudoeste com o México e, num local deserto, deixaram água engarrafada e comida enlatada. Depois foram acusadas, segundo a acusação dos promotores públicos, por terem violado a lei ao entrarem em Cabeza Prieta, uma área protegida que requer autorização de entrada.
Os trabalhadores humanitários dizem que os seus esforços, motivados por aquilo que acham ser certo ou errado, têm sido criminalizados pela administração de Donald Trump, mas as autoridades dizem que apenas estão a fazer cumprir a lei, conta o The Washington Post.
O juiz referiu que a ação das mulheres foi contra a “decisão nacional de manter o Cabeza Prieta na sua forma primitiva” e que atuaram pensando que não seriam processadas, apenas multadas.
As mulheres foram “apanhadas” a deixar a água e os alimentos para os migrantes no local, o que elas admitiram.
A associação No More Deaths contestou o caso, dizendo que ali já morreram mais de três mil migrantes, entre 1999 e 2018, ao tentarem atravessar aquele território inóspito.
Estão agendados mais julgamentos, para fevereiro e março, de outros membros da associação com acusações semelhantes.