Tem 48 anos e é Diretora do Departamento de Neurociências Sociais do prestigiado Instituto Max Planck de Ciências Humanas Cognitivas e do Cérebro, em Leipzig, na Alemanha. Tania Singer, filha do também neurocientista Wolf Singer, é uma das especialistas mais conhecidas do mundo em empatia e estuda os seus benefícios físicos, sociais e económicos na vida das pessoas há anos. Agora, ironicamente, está a ser acusada por oito colegas e ex-colegas de bullying e intimidação.
As queixas foram feitas à Science Magazine pelos colegas, que relataram um ambiente de trabalho terrível no seu laboratório de Leipzig. “Sempre que alguém tinha uma reunião com ela, havia grandes possibilidades de essa pessoa sair de lá em lágrimas”, conta um dos colegas.
As grávidas eram, frequentemente, o alvo preferido da neurocientista, contam os colegas. “As pessoas ficavam aterrorizadas e tinham mesmo muito medo de contar sobre as suas gravidezes”, afirma uma ex-colega. Uma outra colega, que engravidou e foi mãe enquanto trabalhava no laboratório, contou ainda que “para ela [Tania Singer], ter um bebé era basicamente estar a ser irresponsável e a dececionar a equipa”.
Segundo a Science Magazine, apesar de Tania Singer estar de licença sabática que começou em janeiro e tem a duração de um ano – pediu também a nomeação de um substituto temporário – os trabalhadores decidiram falar agora por medo que a neurocientista regresse ao trabalho.
Apesar de ser uma profissional com uma excelente capacidade comunicativa e de persuasão – por exemplo, depois dos ataques terroristas de Paris, em 2015, Tania fez um discurso inspirador, referindo que atos de violência eram o motivo pelo qual o mundo precisava das suas investigações – os colegas afirmam que trabalhar todos os dias ao seu lado causou vários danos, principalmente a nível emocional. De acordo com as queixas, a neurocientista ameaçava e insultava o trabalho dos seus colegas.
Ao The Washington Post, Tania Singer confirmou haver um clima de tensão entre ela e os seus trabalhadores mas negou todas as acusações de que foi alvo. Num email enviado em fevereiro de 2017 para representantes do departamento – que reclamaram das condições de trabalho dadas ao conselho consultivo científico do instituto – a neurocientista reconhecia ter cometido vários erros no passado.
Nesse email, Tania Singer referia ter tido um esgotamento por ter de “carregar e ser responsável por um estudo tão grande e complexo” e que essa situação criou problemas que podem ter sido os culpados.
Mas agora, numa carta enviada à Science no dia sete de agosto, o advogado de Tania Singer nega todas as acusações de bullying que foram feitas à sua cliente, sugerindo ainda que elas vieram de um “subgrupo com interesses fortes e diferentes dinâmicas de grupo”.
Ainda nesse dia, num comunicado enviado, o Instituto afirmou ter tido conhecimento das acusações contra Singer no ano passado e disse que o vice-presidente da sociedade Max Planck, Bill Hansson, as investigou ao detalhe, embora aos pormenores sejam confidenciais.
Num plano apresentado aos investigadores no final de julho, o instituto afirmou que o objetivo era separar Tania Singer dos seus colegas atuais e permitir que ela criasse um novo (mas menor) grupo de investigação em Berlim, durante dois ou três anos. Já os estudantes de doutoramento terminariam os seus projetos apenas.
“A sociedade Max Planck decidiu que era melhor sacrificar outra geração de estudantes do que arriscar um escândalo”, diz um ex-colega. Quando foi perguntado a um porta-voz do instituto como iria garantir que os estudantes fossem tratados de melhor forma, a resposta foi que os detalhes do plano ainda estavam ainda a ser discutidos.