Sally Yates, a procuradora-geral nomeada por Barack Obama, e que estava interinamente em funções, foi demitida esta segunda-feira pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por não cumprir a ordem presidencial de fechar as fronteiras do país a refugiados, sírios e ainda cidadãos de outros seis países de maioria muçulmana.
A ordem executiva de Donald Trump foi assinada na passada sexta-feira e proibia a entrada no país de todos os refugiados por um período mínimo de 120 dias, de cidadãos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen durante 90 dias, e de refugiados sírios por um período indefinido.
Sally Yates – que ocupava o lugar até que o nomeado de Donald Trump para o cargo, o senador do Alabama Jeff Sessions, fosse aprovado para o cargo – disse não estar convencida sobre a legalidade da ordem de bloqueio dada por Trump e, por essa razão, terá dado indicações aos juristas do Departamento de Justiça para que não avançassem com o cumprimento daquela ordem.
“Sou responsável por assegurar que as posições que adotamos nos tribunais são consistentes com a obrigação solene desta instituição de procurar sempre a justiça e de defender o que é certo. Neste momento, não estou convencida de que a defesa dessa ordem executiva seja consistente com essas responsabilidades nem estou convencida de que a ordem executiva seja legal. Enquanto eu for procuradora-geral interina, o Departamento de Justiça não apresentará argumentos a favor da ordem executiva, a menos que me convençam de que é apropriado fazê-lo”, justificou Sally Yates.
Donald Trump não gostou e não tardou a avançar para uma demissão polémica. De acordo com o The New York Times, Sally Yates terá sido informada sobre a demissão através de uma carta enviada por um dos funcionários de Trump. Antes da demissão, o presidente dos EUA usou a sua conta pessoal do Twitter para criticar a decisão de Yates: “Os democratas estão a atrasar as minhas escolhas para o executivo por razões puramente políticas. Eles não podem fazer mais nada além de obstruírem. Agora, têm uma procuradora-geral de Obama.”
Depois do envio da carta de demissão a Yates, o assessor de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, emitiu um comunicado a justificar assim a decisão: “A senhora Yates era uma escolha da administração de Obama que é fraca em matéria de fronteiras e muito fraca na imigração ilegal.” O comunicado acrescentava ainda que “a procuradora-geral interina Sally Yates traiu o Departamento de Justiça ao recusar fazer cumprir uma ordem legal para proteger os cidadãos dos Estados Unidos”.
Dana J. Boente, até agora procurador na Virginia, vai ocupar o lugar de Sally Yates até que o nome de Jeff Sessions seja confirmado para o cargo.