Acabou Direito à noite, anos depois de ter sido expulsa da faculdade. Passou pelo MRPP mas estacionou no PS. Entrou na carreira diplomática em 1980, mas foi só como chefe de missão em Jacarta, nas vésperas da independência de Timor, que saltou para a ribalta.
Quem é?
Nasceu há 62 anos em Lisboa, onde se licenciou em Direito. Foi diplomata durante 32 anos e ativista toda a vida. Desde 2003 que se dedica à política a tempo inteiro. É eurodeputada, eleita pelo PS, desde 2004
Política
Torna-se ativista aos 13, 14 anos, quando adere ao Movimento Associativo de Estudantes do Ensino Secundário de Lisboa. Em Direito, em 1972, quis juntar-se a quem lutasse contra a guerra colonial. Aderiu ao MRPP, onde se cruzou com António Monteiro Cardoso (seu primeiro marido), Durão Barroso, José Lamego, Maria José Morgado, Saldanha Sanches, Fernando Rosas ou Vital Moreira. Com este, divide o blog Causa Nossa. A vida, partilha-a (em segundas núpcias) com o embaixador António Franco. Deixou o MRPP em 1976.
Diplomata
Queria ser advogada. Falava bem línguas e o Direito Europeu, Internacional e Internacional Público eram as cadeiras que mais a atraíam, na Universidade de Lisboa. Mas dois amigos desafiaram- -na e, em 1980, entrou para a carreira diplomática, naquele que foi o terceiro concurso aberto a mulheres. Esteve com Eanes em Belém, na ONU, em Genebra e Nova Iorque, e nas embaixadas de Tóquio e Londres. Em Jacarta, negociou os Acordos de Paz e assistiu (ativamente) à independência de Timor Leste. Quando se preparava para tirar uma sabática, Ferro Rodrigues convida-a para a direção do PS. Tem, desde 2003, a carreira diplomática suspensa.
Os voos da CIA
Está no Parlamento Europeu desde 2004 e é por lá que tem levado avante as suas grandes causas – combate à corrupção e ao terrorismo. Quis saber se os países da UE, entre os quais Portugal, tinham sido cúmplices no transporte de prisioneiros para Guantánamo. Até agora não deu frutos, mas o caso continua aberto no Parlamento Europeu.
O “ódio” a Portas
Foi investigado durante oito anos, mas o processo foi arquivado. Ana Gomes, para quem os contratos de aquisição (de dois submarinos) e de contrapartidas está “eivado de fraudes” e é “altamente lesivo” para o Estado, ainda tentou a abertura de instrução. Em vão. Apenas as queixas à Comissão Europeia estão em curso. Isabel Moreira acusou-a de “ódio pessoal” a Portas. Ana Gomes promete não deixar cair o caso.
Isabel dos Santos
A sua última causa é a filha de José Eduardo dos Santos, que personifica a luta de Ana Gomes “contra a corrupção, a lavagem de dinheiro” e a “conivência” das instituições portuguesas. A eurodeputada pediu à Comissão Europeia que aferisse a legalidade da compra da EFACEC por Isabel dos Santos e que verificasse se o Banco de Portugal estaria a cumprir a lei que obriga a estabelecer a origem dos fundos de Pessoas Politicamente Expostas que tenham negócios em Portugal. “Tenho de concluir que, de facto, Portugal se transformou numa máquina de lavar dinheiro”, disse terça-feira à VISÃO.