No último vídeo de propaganda divulgado no YouTube podemos ver uma criança a participar. Identificado pelo avô, Isa – filho de uma mulher, Khadijah Dare, que há dois anos se terá juntado ao autodenominado Estado Islâmico – aparece no final do vídeo com um casaco com padrão camuflado e o cabelo puxado para trás por uma fita com o símbolo da organização terrorista.
Mais uma vez, e certamente não a última, crianças são usadas em vídeos de propaganda. Neste vídeo – onde se pôde ver várias execuções e onde David Cameron, Primeiro-ministro do Reino Unido, foi ameaçado – o menino de 5 anos diz, na sua voz infantil: ”Vai matar aquele não-crente que está ali”.
Mas estes meninos não são usados só como parte integrante dos vídeos. São recrutas em ”campos infantis” por toda a Síria e pelo Iraque e fazem parte do Daesh. Abdul-Aziz al Hamza, em declarações à CNN, explica que nestes campos ”eles tentam ensinar-lhes a ideologia do ISIS.”. Depois, e como já temos visto em algumas notícias, estas crianças são usadas como bombistas suicidas ou para ”transportar armas e material médico nos confrontos”.
Num relatório das Nações Unidas, de março de 2015, confirma-se este recrutamento forçado de menores. As raparigas são vendidas ou entregues aos soldados do Daesh como presentes; os rapazes – entre os 8 e 15 anos – contaram que são sujeitos a treino religioso e militar: aprendem a disparar armas e são obrigados a assistir a vídeos de decapitações.
Num outro vídeo, alusivo a estes campos para crianças, conseguimos perceber como estas são tratadas. A adoração ao grupo, as armas e o treino físico irão formar terroristas, desde pequenos – na opinião de Mário Cordeiro, pediatra, estas crianças ”não terão beneficiado das situações próprias da idade infantil, que devem incluir mimo, afeto, ternura, brincadeira, jogo de cooperação”.
É-lhes oferecida comida e dinheiro para se alistarem e são ameaçados de morte se não o fizerem. Há até o caso de um rapaz – contado pelo canal britânico Channel 4 News – a quem foram amputadas uma perna e uma mão, à frente de outras crianças e adolescentes, para servir de exemplo. Nas palavras do pediatra, estes meninos ”que convivem com a violência tornam-se desiludidos e acostumados, resolvendo também eles exercer o poder, seja relativamente a quem for, de modo violento”. O objetivo é formar a próxima geração de combatentes que não questionam e só obedecem.