Qualquer semelhança entre a chegada da advogada às Maldivas e a de uma estrela de cinema a Cannes não é pura coincidência. Desde que casou, no ano passado, com o ator George Clooney, o solteiro mais cobiçado de Hollywood, Amal Alamuddin consegue transformar os seus casos jurídicos em notícias de primeira página, sendo a britânico-libanesa a protagonista e os seus clientes os atores secundários. O sorumbático mundo dos advogados de fato e gravata converte-se assim em escaparate para as marcas de moda sempre que Amal aparece.
Especializada na defesa dos direitos humanos, Amal usa a sua fama como mulher do ator para levar a bom porto os casos que lhe chegam às mãos. O mais recente é o do ex-Presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, que regressou à cadeia Maafushi, em agosto, apesar de a sentença ter sido comutada para prisão domiciliária. Na semana passada, a advogada de 37 anos aterrou em Male, capital das ilhas do oceano Índico, para conhecer pessoalmente o ex-Presidente do arquipélago, condenado a 13 anos de prisão depois de ter sido considerado culpado de terrorismo, por ter ordenado, em 2012, a detenção de um poderoso juiz-presidente do antigo regime acusado de corrupção. Depois de três décadas de ditadura, Mohamed Nasheed converteu-se, em 2008, no primeiro Presidente do turístico arquipélago a ser eleito democraticamente. Tornou-se numa espécie de eco-herói ao tomar posições políticas ecológicas: as Maldivas seriam energeticamente independentes do petróleo em apenas uma década e impulsionou o desenvolvimento da energia solar e eólica. As reuniões de trabalho para tratar da libertação do político continuam – seja com um tailleur Versace ou um vestido Dolce & Gabbana.