O responsável do programa económico do partido grego Syriza, Yannis Miliós, afirmou hoje que o programa acordado entre o primeiro-ministro, Antonis Samaras, e o Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro) “está morto”.
“Suponho que Gikas Jardúvelis — ministro das Finanças em funções — se limitará amanhã [segunda-feira] no Eurogrupo a discussões de caráter técnico, pois o programa que tinha acordado com o representante de Samaras [primeiro-ministro em funções] já está morto”, afirmou Yannis Miliós, citado pela EFE.
O Eurogrupo, que se reúne na segunda-feira em Bruxelas, vai debater a situação da Grécia, e, segundo fontes citadas pela agência espanhola, só haverá um debate sobre “o caminho a seguir”, porque o único elemento novo em cima da mesa será o resultado das eleições de hoje.
Numa entrevista recente aos canais gregos de televisão, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, assegurou que um Governo sob a sua liderança iria reconhecer os objectivos fixados nos tratados europeus, mas não as medidas previstas nos acordos firmados pelo executivo com a ‘troika’ de credores internacionais (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
“Reconhecemos as nossas obrigações face às instituições europeias e aos tratados europeus. Estes tratados prevêem objectivos orçamentais que devem ser respeitados, mas não as medidas para atingi-los”, afirmou.
Segundo resultados oficiais após o apuramento de um quarto dos votos, o Syriza obteve 35,4% e a Nova Democracia, actualmente no governo, 28,9%.
Presidente do Bundesbank lança aviso
O presidente do Bundesbank, banco central alemão, Jens Weidmann, considerou hoje que a economia da Grécia continua a precisar de apoio externo e disse que esse apoio só se justifica quando “se respeitam os acordos”.
“Está claro que a Grécia não pode prescindir do apoio de um programa de ajuda. Naturalmente que um programa desse tipo só pode ser dado quando se cumprem os acordos”, afirmou Weidmann numa entrevista à televisão pública alemã ARD, depois de conhecidas as projeções que apontam para a vitória da formação de esquerda Syriza nas legislativas gregas.
O presidente do banco central alemão disse confiar que “o novo governo grego não faça promessas ilusórias às quais o país não se pode permitir” e que continue com as reformas estruturais necessárias, sem pôr em causa o que foi conseguido até agora.