Jónas Elíasson, um investigador da Universidade da Islândia envolvido num projeto de medição e de prevenção dos riscos das cinzas vulcânicas, afirma que o encerramento de dois dias dos principais aeroportos do país, esta semana, “foi desnecessário”.
Dois aeroportos islandeses, incluindo o da capital Reiquejavique, foram encerrados durante cerca de 36 horas, reabrindo no final de segunda-feira, devido à erupção do vulcão Grimsvoetn.
“Foi mais um dia de céu limpo e de aeroportos fechados”, resumiu Jónas Elíasson, entrevistado pela Lusa por telefone, a partir de Paris.
“Os dois aeroportos não deviam ter fechado nem no domingo nem na segunda-feira”, acrescentou Elíasson.
O cientista faz parte da equipa que, em terra, recebe e analisa os dados da medição das cinzas. Desta vez, “é uma erupção basáltica e o granulado não é tão fino mas a coluna de cinzas parece ser mais alta do que a do Eyjafjallajökull”, afirmou o especialista.
A medição é efetuada por aparelhos sofisticados a bordo de um pequeno avião Cessna, num projeto desenvolvido em conjunto com a Universidade da Islândia e a Universidade de Ciências Aplicadas de Dusseldorf, na Alemanha.
Leituras detalhadas da qualidade das cinzas do vulcão Eyjafjallajökull, nos dias cruciais de final de abril de 2010, feitas pela mesma equipa usando meios aéreos ligeiros, “mostram que não havia risco para o tráfego aéreo” quando os centros reguladores determinaram o encerramento do espaço aéreo.
“A má sorte da Islândia é depender do VAAC (Centro de Controlo de Cinzas Vulcânicas) de Londres, que determina os seus alertas apenas pela altura da coluna de cinzas e pela evolução ditada segundo modelos de computador usados em meteorologia”, queixou-se Jónas Elíasson.
Existem nove VAAC em todo o mundo, com áreas territoriais de competência, que avisam as autoridades de aviação sobre a presença e o movimento de nuvens de cinzas vulcânicas.
O VAAC de Londres é responsável pelas Ilhas Britânicas e pela Islândia. Toda a Europa continental, África e a Ásia Central e do Sul pertencem à área seguida pelo VAAC de Toulouse (França).
“Com a altura das cinzas e os modelos de meteorologia, julgam no VAAC que têm a análise correta da situação. Mas não têm e recusam-se a adaptar esse modelo a uma verificação direta, científica, do fenómeno”, acrescenta o especialista islandês.
Num estudo recente, Jónas Elíasson defendeu que a vigilância das nuvens de cinzas poderia ser feita através de meios aéreos “ligeiros e eficazes, manobrados por tripulações que podem ser treinadas na Islândia”.
Os reguladores aéreos poderiam, nesse caso, contar com informação “real em tempo real, confrontando os valores dos seus modelos de computador”, frisou o cientista.
“Evitar-se-ia a repetição de erros de avaliação, como o que está a acontecer de novo”, acrescentou.