“Reconheço Marcelo Caetano” como o atirador do 11 de Fevereiro de 2008, afirmou José Ramos-Horta.
“Hesitei muito durante meses”, explicou o chefe de Estado, mas no último encontro que o Presidente da República teve com o ex-tenente Gastão Salsinha houve uma identificação positiva.
Nesse encontro, “o procurador-geral da República (Longuinhos Monteiro) trouxe também o Marcelo Caetano”, contou José Ramos-Horta.
“Vendo com mais proximidade, reconheci que foi ele que fez os disparos, para além das provas deixadas no terreno”, acrescentou o Presidente, corrigindo várias declarações em contrário feitas ao longo de 2008.
O chefe de Estado comentava a acusação formal do caso 11 de Fevereiro, entregue na terça-feira pelo Ministério Público no Tribunal de Díli.
“Aguardo pelo desfecho (do caso) que será no tribunal e ali é que as verdades serão ditas e encontradas e que a justiça será feita”, declarou José Ramos-Horta.
O Ministério Públicou acusou 28 pessoas pelo duplo ataque ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, Xanana Gusmão, quase todos ex-elementos das forças de segurança e também a ex-companheira do major Alfredo Reinado, Angelita Pires.
“Enquanto ser humano, cristão, eu os perdoo”, respondeu José Ramos-Horta quando questionado sobre a possibilidade de um indulto presidencial para os acusados.
“Enquanto chefe de Estado, terei que pesar todos os elementos”, ressalvou José Ramos-Horta.
“Eles, ao fim e ao cabo, são também vítimas da crise de 2006, provocada pela falha da liderança timorense, como eu sempre disse”, sublinhou o Presidente timorense.
“Apesar de eu ter pago um preço elevado, não me move qualquer rancor em relação aos que dispararam sobre mim”, disse.
“Pelo contrário, continuo a nutrir por eles total simpatia porque sei que é gente pequena que ficou embrulhada em toda essa tragédia por falhas da liderança política”, frisou.
As declarações de Ramos-Horta foram feitas no final de uma sessão pública em que o Presidente da República respondeu a questões da sociedade civil sobre paz e luta contra a pobreza.
José Ramos-Horta encerrou a sua intervenção recordando que o seu conceito de justiça desde 1999 para os crimes cometidos sob a ocupação indonésia.
O Presidente da República negou que exista impunidade em Timor-Leste e reafirmou as razões que o levaram a indultar, em Maio de 2008, cerca de 90 presos, incluindo o último grupo de condenados por crimes contra a humanidade no país.