A economia portuguesa apresentou um excedente externo de 1.572 milhões de euros até fevereiro, mais do triplo do excedente de 418 milhões de euros do mesmo período de 2023, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
Até fevereiro, o saldo da balança de bens e serviços foi de 297 milhões de euros, o que representa “o primeiro excedente nos dois primeiros meses do ano desde 2016”, destaca o banco central.
Segundo o BdP, o aumento do excedente externo da economia portuguesa até fevereiro reflete a diminuição de 353 milhões de euros do défice da balança de bens, justificada tanto pelo aumento de 1,3% das exportações (155 milhões de euros), como pela redução de 1,2% das importações (198 milhões de euros).
Traduz ainda o aumento de 439 milhões de euros do excedente da balança de serviços, com a evolução do saldo de viagens e turismo a justificar mais de 60% desta variação, com um crescimento de 283 milhões de euros.
A contribuir para esta evolução estiveram também a diminuição do défice da balança de rendimento primário, de 148 milhões de euros, “em resultado de uma maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia na forma de subsídios”; o crescimento de 55 milhões de euros do excedente da balança de rendimento secundário; e o aumento de 158 milhões de euros do excedente da balança de capital, “devido principalmente a uma maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia com vista ao investimento”.
O aumento da capacidade de financiamento da economia portuguesa até fevereiro levou a um saldo positivo da balança financeira de 1.112 milhões de euros.
Este saldo refletiu o aumento dos ativos financeiros sobre o exterior, de 6.671 milhões de euros, “explicado, sobretudo, pelo investimento de bancos em títulos de dívida emitidos por não residentes (3.797 milhões de euros) e pelo crescimento dos empréstimos intragrupo concedidos por empresas a entidades não residentes (1.595 milhões de euros)”.
Traduziu ainda o crescimento dos passivos perante o exterior, de 5.559 milhões de euros, “explicado principalmente pelo investimento de não residentes em títulos de dívida emitidos pelas administrações públicas (6.149 milhões de euros) e por bancos nacionais (1.475 milhões de euros)”.
Adicionalmente, verificou-se um aumento do investimento intragrupo de entidades não residentes em sociedades não financeiras residentes (1.127 milhões de euros).
A contrariar estes crescimentos, reduziram-se os passivos do banco central na forma de numerário e depósitos, em 4.190 milhões de euros.
Nos dois primeiros meses do ano, os setores que contribuíram positivamente para a variação dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo foram o banco central (4.665 milhões de euros), as outras instituições financeiras monetárias (1.324 milhões de euros), as sociedades de seguros e fundos de pensões (628 milhões de euros), as instituições financeiras não monetárias exceto sociedades de seguros e fundos de pensões (397 milhões de euros) e os particulares (193 milhões de euros).
Já as administrações públicas e as sociedades não financeiras apresentaram variações negativas dos seus ativos líquidos, de 5.753 e 342 milhões de euros, respetivamente.
Considerando apenas o mês de fevereiro, o saldo das balanças corrente e de capital foi de 502 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 598 milhões de euros face ao período homólogo, detalha o BdP, destacando o crescimento homólogo de 14,6% das exportações de viagens e turismo, para 1.422 milhões de euros, “o valor mais elevado da série para um mês de fevereiro”.
PD // CSJ