“Nas atuais circunstâncias, é bastante improvável que subamos as taxas de juro em 2022.” A garantia tem sido reiterada por Christine Lagarde e foi dada mais uma vez na última reunião do Banco Central Europeu (BCE), realizada a 16 de dezembro. Mas a escalada da inflação, a pressão sobre alguns países no Norte da Europa e as expectativas dos investidores deverão pôr à prova a determinação da presidente do BCE em manter a taxa de referência em 0% e o juro aplicado aos bancos na facilidade de depósito nos negativos -0,50%.
Após anos de juros mínimos e de milhares de milhões de compras de ativos como dívida pública e obrigações de bancos e empresas, os índices de preços no consumidor começaram a disparar para valores bem acima do pretendido pelos bancos centrais, retirando-lhes margem de manobra e colocando-os perante um dilema de difícil resolução. Na zona euro, a taxa de inflação anualizada disparou para 4,9% em outubro, o valor mais alto na história da moeda única e bem acima da meta de 2%. E nos EUA, o índice de preços no consumidor escalou para 6,8%, a leitura mais elevada desde o início dos anos 80. Os manuais tradicionais dos bancos centrais indicam que, com taxas de inflação tão altas, se deve começar a tomar medidas para refrear a subida dos preços no consumidor. A arma mais habitual é a subida das taxas de juro.