Luísa Amaro tinha tocado no sábado, no âmbito do dia da União Europeia, e tocou hoje no âmbito da comemoração dos 500 anos da primeira Circum-Navegação, o Pavilhão de Portugal na Expo 2020 Dubai.
“Acho que estar aqui presente num acontecimento tão importante por si só já dignifica, é muito bom. É muito bom para mim, é muito bom para o Gonçalo [Lopes] que toca comigo, com o seu clarinete baixo, mas sobretudo trazer esta identidade da guitarra portuguesa que é um instrumento que só é tocado por nós, ainda tem mais valor”, afirmou a guitarrista.
Por isso, “é muito emocionante”, salientou Luísa Amaro.
A guitarra “é um instrumento que vale muito pelas suas emoções e se tudo for sincero as pessoas sentem. E foi isso que eu senti tanto ontem como hoje, há uma predisposição para ouvir o que é tocado com sinceridade e isso pode ser uma ajuda também, e sempre, no incremento das relações culturais”, referiu.
Além disso, “é uma parte que depois ajuda as relações comerciais, e uma coisa não está desligada da outra”, sublinhou.
“Cada país tem a sua identidade e é nessa diversidade que depois também tudo se une e a guitarra pode ser aquele elemento que vai unindo, conforme se vai viajando pelo mundo e no fundo, tal como Portugal, acho que tem o mundo dentro de si”, acrescentou Luísa Amaro.
“A guitarra também é um instrumento generoso que se partilha com os outros e que fica sempre bem onde quer que se vá”, afirmou.
Na sua atuação hoje, Luísa Amaro tocou uma ‘morna’: “Hoje, sobretudo, que se falava no Magalhães, um dos sítios por onde Magalhães já não passou, mas a viagem passou por lá, foi precisamente Cabo Verde”.
E “achei interessante também trazer Cabo Verde porque somos feitos de todos estes povos e resulta bem porque a ‘morna’ dá-nos aquele ambiente descontraído , agradável, reconfortante, já sem tanto peso, como talvez outas partes da viagem do Magalhães”, prosseguiu, salientando que a reação das pessoas foi “muito boa”.
Já sobre se há mais mulheres a tocar guitarra portuguesa, Luísa Amaro contou: “Não era habitual quando eu comecei, agora hoje em dia já há mais, felizmente, há mais mulheres a tocar guitarra portuguesa”, aliás, há uma jovem que se formou em guitarra portuguesa.
E isso “é importante porque é um instrumento que não se pode separar” por géneros, considerou.
“A minha caminhada é feita de algumas [músicas] de Carlos Paredes, daquilo que eu componho. Nada se compara ao Carlos Paredes, mas acho que todos nós temos obrigação de fazer o nosso próprio percurso”, concluiu a guitarrista portuguesa.
ALU // ANP