Talvez estejamos a sentir-nos como Sísifo. Até há poucos meses, o País parecia estar a empurrar a rocha até ao topo da montanha. O PIB tinha crescido mais de 13%, o desemprego começava a recuar e as exportações davam os primeiros sinais de recuperação. Entre o achatamento da curva pandémica e a lenta recuperação da confiança, a economia estava a sair da crise histórica em que caiu entre março e junho. No entanto, a chegada em força da segunda vaga da Covid-19 parece ter empurrado a rocha ladeira abaixo até ao sopé. Números recorde de infetados, internamentos e mortes diárias que ameaçam, a qualquer semana, testar os limites do SNS. E um novo confinamento “light”, que porá outra vez à prova as famílias e as empresas, que ainda estavam longe de recuperar do primeiro choque desta crise. Pode vir aí um longo e difícil inverno.
A Covid-19 foi como se um asteroide tivesse atingido a economia. Até à pandemia, o PIB crescia há 25 trimestres consecutivos, acabando por afundar mais de 16% entre abril e junho, empurrando-nos para aquela que será a segunda maior quebra económica em 150 anos. Na indústria e no comércio, restauração e hotelaria, as quebras foram superiores a 20% nesse segundo trimestre. As exportações de bens e serviços – em que se inclui o turismo – estão a recuar entre 25% e 47% desde abril. As contas públicas, que tinham atingido o tão ambicionado excedente em 2019, rapidamente regressaram ao vermelho, podendo aproximar-se de um défice de dois dígitos este ano.
O balão de oxigénio do verão pode ter dado ao País uma falsa sensação de confiança, que o outono rapidamente se encarregou de destruir. Apesar dos sucessivos avisos dos especialistas de que um ressurgimento era provável, o novo coronavírus parece ter-nos apanhado novamente de surpresa. “Ninguém previu que esta segunda vaga surgisse tão cedo”, afirmou António Costa à TVI.
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