A tensão entre público e privado, a celebração estética “do filme caseiro” e a visão de lugares da intimidade reúnem-se na décima edição do Family Film Project – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia (FFP), uma produção do Balleteatro, no Porto, desta terça, 12, até sábado, 16. O realizador sueco Ruben Östlund, premiado com a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, em 2017, com o filme The Square, é o convidado deste ano, que conta ainda com um cine-concerto de Rui Reininho e a exibição de 35 filmes, 20 dos quais em competição. “São propostas muito diversas que nos trazem novas visões, novas abordagens sobre a intimidade e o arquivo familiar, representativas de diferentes nacionalidades”, conta-nos Né Barros, coreógrafa e diretora do Balleteatro.
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A decorrer em quatro salas, Cinema Trindade, Passos Manuel, Coliseu do Porto e Maus Hábitos, será no último dia, sábado, 16, que o festival mostrará uma seleção de filmes da fase inicial da carreira de Ruben Östlund, o criador em foco nesta edição. São eles: Family Again (2002), The Guitar Mongoloid (2004), Autobiographical Scene Number 6882 (2005), Involuntary (2008) e Incident by a Bank (2010), para ver no Cinema Trindade, a partir das 16h30. “Optamos por concentrar a escolha nas primeiras obras que se adequam e ajudam a problematizar o arquivo, a memória e as relações familiares”, explica-nos Né Barros, além de permitir ver como o cineasta trabalha com os “não atores”.
No essencial, dez anos depois, mantém-se a matriz habitual do festival, com sessões competitivas a mostrar 20 filmes, oriundos de diversos países, incluindo quatro produções nacionais, de Pedro Peralta, David Pinheiro Vicente, Cláudia Varejão e Paulo Abreu, que concorrem aos prémios de Melhor Curta-Metragem e Melhor Longa-Metragem, nas secções Memória e Arquivo, Vidas e Lugares, e Ficção.
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No âmbito da performance retomam-se os filmes-concerto com Rui Reininho e a banda com que gravou 20.000 Éguas Submarinas, o seu mais recente álbum, a subirem ao palco do Coliseu do Porto (13 out, 21h30), acompanhados pelo filme The Shape of Things to Come, realizado, nos anos 60, por um grupo de adolescentes em Nova Iorque. A apresentação dá continuidade à extensão do Home Movies – Archivio Nazionale del Film de Bolonha (Itália), que incluirá ainda a conferência O Gesto das Mulheres – Vida e Obra em Filmes Caseiros Italianos, com a ativista Giulia Simi, no Passos Manuel (14 out, 18h), a que se seguirá a projeção de Memoryscapes – Il Gesto delle Donne, uma obra de arquivo com uma visão sobre o trabalho da mulher.
Haverá também uma sessão especial no Passos Manuel (12 out, 16h30) dedicada ao filme Memórias, de Adriana Rocha, José Alberto Pinto e Luís Vieira Campos, que tem como protagonista Henrique Alves Costa, um estudioso do cinema português e histórico membro do Cineclube do Porto. “É um outro tempo da cidade do Porto e dos lugares, captados nos anos 80, que mudaram e evoluíram”, nota Né Barros.
Já no ciclo Private Collection, poderá ver-se nesta terça, 12, performances de Flora Détraz no Maus Hábitos (18h), de Jorge Gonçalves no Coliseu do Porto (20h30) e de António Olaio no Passos Manuel (22h). Né Barros destaca ainda a parceria a MICE – Mostra Internacional de Cinema Etnográfico (Galiza), ao abrigo da qual será exibida uma seleção de filmes temáticos, no Passos Manuel, apresentados por Ana Estévez Lavandeira, diretora do MICE (15 out, 16h30).
Family Film Project – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia > Cinema Trindade, R. do Almada, 412, Porto > T. 22 316 2425; Coliseu Porto e Passos Manuel, R. Passos Manuel, 137, Porto > T. 22 339 4940; Maus Hábitos, R. Passos Manuel, 178, Porto > 93 720 2918 > 12-16 out, ter-sáb > €3 a €6/sessão; €10/passe