Colocada no centro da sala, é a grande maqueta topográfica que se destaca, a revelar de que linhas se faz esta faixa de costa e mar. Os únicos pontos de luz apontam aos placards onde se leem os nomes das sete ondas que valeram à Ericeira, em 2011, a distinção de Reserva Mundial de Surf, atribuída pela organização Save The Waves Coalition. A saber: Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos e São Lourenço. A experiência no novo Centro de Interpretação é interativa, dizem-nos, por isso toque-se no ecrã táctil. Para descobrir, na imagem projetada em vídeo mapping sobre a maqueta, que afinal nem todas as ondas correspondem a uma praia. É o caso da Reef e da Cave, acessíveis por caminhos pedonais na arriba e que só os surfistas experientes se atrevem a surfar porque quebram sobre um fundo de recife.
A reserva de surf da Ericeira estende-se por quatro quilómetros, para norte da vila. Um pedaço de costa relativamente pequeno, que concentra uma variedade de ondas para surfistas de todos os níveis, dos principiantes aos profissionais. Mas este não foi o único critério que valeu o reconhecimento desta área como privilegiada para a prática do surf – e que importa, por isso, proteger e preservar. Outros fatores pesaram na decisão, como a riqueza ambiental ou a importância na história do surf. E disso se fala também aqui, mostrando as espécies marinhas que habitam o fundo do mar, as plantas invasoras na costa ou as fotografias do primeiro campeonato de surf (22 de maio de 1977) em Ribeira D’Ilhas. A informação é complementada nos sete iPads, dispostos à volta da maqueta, com vídeos e entrevistas.
Aberto em junho, o Centro de Interpretação ocupa o primeiro piso do Posto de Turismo, e integra um projeto desenhado por mais de 20 criativos da Experimentadesign para a Câmara Municipal de Mafra, que incluiu também a requalificação do edifício e a abertura, no piso 0, do Surf Café, com esplanada no varandim. Ali servem-se refeições leves, como sopas, saladas e sandes, privilegiando-se os produtos da terra: o pão de Mafra, o queijo fresco (a região é o maior produtor do País), o limão, a pera-rocha, os vinhos (Quinta de Sant’Ana e Adega Cooperativa da Azueira) e até a cerveja artesanal Mean Sardine. Pendurado no teto está a escultura de um enorme tubarão da Skeleton Sea, projeto de três surfistas que se dedicam a fazer arte com lixo retirado do oceano, e para as mesas e balcão escolheu-se o mármore, a lembrar os tempos em que ali funcionou a leitaria Ucal. Afinal, é também destas pequenas histórias que se faz esta terra de pescadores, do bom marisco e do surf.
Veja aqui o vídeo de apresentação do Centro de Interpretação
Centro de Interpretação da Reserva Mundial de Surf da Ericeira > Pç. da República, 17, Ericeira > T. 261 863 122 > seg-dom 10h-20h (jul-ago), até às 19h (jun, set), até às 18h (out-mai) > grátis