É provável que haja pelo menos um produto da Ach. Brito nas nossas casas – um sabonete Confiança, que espreita de uma gaveta do armário, uma água de Colónia Lavanda, perfilada na prateleira da cómoda, ou uma elegante vela da Claus Porto, num dos recantos da sala. Primeiro reparamos nas embalagens, coloridas e carregadas de energia gráfica, depois dificilmente nos conseguimos separar dos seus aromas, alguns clássicos, outros mais arriscados, inovadores na sua simplicidade e com Portugal em todos os pormenores. “Sempre fizemos questão de que os nossos produtos tivessem nomes muito portugueses, como Rosalface ou Mar, e isto ainda numa altura em que o “made in Portugal” não era bem-visto”, conta Aquiles de Brito, bisneto de Achilles de Brito, o homem que começou por ser guarda-livros da fábrica de sabonetes e fragrâncias Claus & Schweder, em 1903, tornando-se acionista e fundador da Ach Brito, em 1908, juntamente com o irmão.
Sentado numa das salinhas da loja d’A Vida Portuguesa, no Intendente, em Lisboa, onde se preparam as celebrações deste centenário, é agora Aquiles de Brito que vai desfiando a história da família, logo a começar pela responsabilidade que é chamar-se Aquiles. “Não sei se isso teve alguma coisa que ver com o facto de ter assumido a empresa, mas é possível”, ri-se. “Foi uma decisão tomada com o coração e não com a razão”, continua Aquiles, que tinha apenas 22 anos quando, ao lado da irmã, Sónia Brito, decidiu tomar as rédeas da empresa, comprando a restante parcela ao tio e deixando por terminar o curso de marketing. “Toda a gente achava que eu não estava bom da cabeça. O primeiro desafio foi o facto de eu ter ido parar diretamente ao topo, não podendo passar por outros lugares e aprender com o trabalho em cadeia”, recorda. “Naqueles primeiros momentos, tratava-se de assegurar a sobrevivência.” Na altura, a equipa de 120 pessoas ficou reduzida a apenas trinta; atualmente conta com cerca de 100 elementos. Já o portefólio de marcas inclui nomes tão conhecidos das nossas memórias como estas sete edições especiais que assinalam o centenário, nomeadamente ícones reinventados, como a água de Colónia Lavanda, no mercado há mais de 80 anos, agora em tamanho 100 ml, e as caixas com reedições de sabonetes históricos e fotografias antigas alusivas à empresa, como uma da sede e fábrica da Ach. Brito, que entre 1918 e 1999 ficava na Avenida de França, no centro do Porto.
Era precisamente nesta fábrica que em criança Aquiles de Brito visitava o avô, por isso aquelas máquinas e aquelas pessoas ficaram- -lhe na alma desde cedo. “Morávamos em lados opostos do Porto e era muitas vezes ali que nos encontrávamos”, lembra. Mais de duas décadas depois, isso ainda se nota quando recorda os desafios e as conquistas que o trouxeram até aqui. Em 2015, começou uma nova fase, quando juntou à empresa novos parceiros e novas ideias. “Um momento-chave, porque não gosto que fiquemos agarrados ao passado”, explica. Ainda em 2018 haverá mais um: “Até ao final do ano esperamos abrir a primeira loja da Claus Porto em Nova Iorque”, segreda orgulhoso e, por momentos, volta a ser o miúdo de 20 e poucos anos que cresceu com a própria empresa.
A marca mais internacional da empresa, a Claus Porto, sempre teve uma ligação especial aos Estados Unidos da América, desde a montra dos armazéns Saks ao destaque no programa de Oprah Winfrey. Em setembro, inaugura a primeira loja em Nova Iorque.
Ach. Brito > À venda nas lojas Claus Porto e A Vida Portuguesa, em Lisboa e no Porto, em www.achbrito.com e www.clausporto.com