Dor menstrual pode ser, agora, um novo – e inesperado – efeito secundário da vacinação contra a Covid-19. À Time, uma jovem de 29 anos conta que, após ter sido inoculada com a vacina da Pfizer-BioNTech, no fim de fevereiro, teve sintomas comuns, ou seja, febre, dores no corpo e cansaço, mas não só. Uns dias depois, sentiu dores menstruais muito mais intensas do que o normal, quase insuportáveis, que associou à toma da vacina, apesar de, até àquele momento, não ter encontrado qualquer relato de dores menstruais depois da toma de uma vacina contra a Covid-19, além de os especialistas não terem confirmado que estas vacinas podem causar este tipo de sintomas.
A jovem nova-iorquina explica ao jornal que teria sentido dores semelhantes no ano anterior, referindo achar que, nessa altura, estava infetada com Covid-19. Já este ano, uma pesquisa realizada pela Universidade de Illinois, nos EUA, juntou relatos deste género dados por mais de 19 mil pessoas pessoas.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) explica, no seu site oficial, que “todas as vacinas, ao estimular as nossas defesas, podem causar efeitos secundários ligeiros e de curta duração” e que as pessoas vacinadas podem sentir, como efeitos secundários, dor no local de injeção, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, dor nas articulações e febre. A DGS identifica ainda vermelhidão no local de injeção e náuseas como sintomas que podem ocorrer, embora sejam menos prováveis.
Os fabricantes de cada vacina em utilização fizeram uma lista com possíveis efeitos colaterais que podem surgir, além dos esperados, que incluem, por exemplo, diarreia, dores nas articulações, inchaço dos gânglios linfáticos, urticária, erupções cutâneas e inchaço facial.
As dores menstruais ainda não são consideradas um efeito secundário possível da vacinação contra a Covid-19 pela comunidade científica, mas os milhares de casos relatados têm levado os especialistas a perceber que estes efeitos são muito mais variados e comuns do que se pensava. À Time, um representante da Pfizer garantiu que nenhum dos participantes dos ensaios clínicos relatou alterações ou dores menstruais; já um porta-voz da Janssen referiu que estas alterações não foram tidas em conta nos ensaios.
Erupções cutâneas e herpes relatados por pessoas que tomaram a vacina contra a Covid-19
Já houve relatos de pessoas que desenvolveram erupções cutâneas e outras doenças de pele e, em casos raros, herpes após a vacinação, apesar de serem necessários mais estudos que possam confirmar ou não uma relação entre a toma da vacina e estes efeitos mais inesperados.
Inesperados mas não anormais, dizem os especialistas. Stanley Perlman, professor universitário e membro do comité consultivo de vacinas da Food and Drug Administration (FDA), explica que, apesar de os ensaios clínicos de cada vacina incluírem milhares de pessoas, podem surgir sempre mais casos dos efeitos colaterais menos comuns e, também, casos de novos e inesperados sintomas, à medida que as populações vão sendo vacinadas.
“Se num ensaio clínico que testou 30 mil pessoas aconteceu alguma coisa com com 0,1% delas, estamos a falar de 30 pessoas”, explica Perlman. “Mas quando essas 30 mil pessoas passam para 30 milhões, há muito mais pessoas que podem ter o mesmo efeito colateral”, acrescenta. Além disso, não quer dizer que todos os sintomas que os vacinados têm após a inoculação são provocados precisamente pela vacina, podendo surgir por várias outras razões. Contudo, explicam os especialistas, é importante que as pessoas informem as autoridades de saúde sobre qualquer possível efeito secundário inesperado após a toma da vacina, para que se consigam ir estabelecendo padrões.