Nem é preciso receita médica: como parte da estratégia de alargamento da testagem em massa, entra este sábado em vigor o despacho publicado em Diário da República que prevê a venda livre de testes rápidos de antigénio para fazer em casa. A dispensa do kit será, naturalmente, feita em farmácias – mas não só, já que o diploma inclui também os locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. Agora…
Quando é que estes testes ficam efetivamente disponíveis?
Apesar de a medida entrar em vigor este sábado, aguarda-se ainda a publicação da norma que vai orientar a sua execução – algo que a Autoridade do Medicamento (Infarmed) e Direção Geral da Saúde (DGS) estão a preparar e devem dar a conhecer num prazo de cinco dias.
E é algo que também vai passar a fazer parte da nossa vida nos tempos mais próximos?
Segundo explica o diploma, trata-se de um “regime excecional e temporário”, numa altura em que “importa intensificar os rastreios laboratoriais regulares para deteção precoce de casos de infeção como meio de controlo das cadeias de transmissão”. Para já, vai estar em vigor durante seis meses – sendo que é um prazo que pode ser prorrogado.
Onde é que vamos poder comprar estes testes?
A venda está prevista para todos os locais autorizados a vender medicamentos não sujeitos a receita médica. Ou seja, farmácias – algo que a Associação Nacional de Farmácias vê com bons olhos: “A nossa rede existe para servir os portugueses e resolver os seus problemas”, nas palavras do seu diretor, Duarte Santos, sublinhando que o setor está “à disposição do Ministério da Saúde para tudo o que ajude a vencer a Covid-19″. Mas não só…
Quer isso então dizer que também vão estar à venda nos supermercados?
Pela interpretação da norma, essa é a lógica – e seria algo esperado, dado que já se sabia que o Infarmed está a acompanhar a medida posta em prática na Alemanha, que iniciou este tipo de comercialização esta semana. Ao relataram as agências noticiosas internacionais, ocorreu nas principais cadeias de supermercados do país e tinha um limite de cinco kits por pessoa, acabando por esgotar em poucas horas.
É possível que sejam vendidos em ainda mais sítios?
Sim, prevê-se que sejam ainda incluídos “outros locais a definir por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde”, lê-se ainda no diploma agora publicado.
O que acham os farmacêuticos disto?
“Compreende-se esta decisão e o que podemos avançar para já é que os farmacêuticos vão continuar a fazer o seu aconselhamento, como acontece com todo os outros fármacos dispensados”, avança o gabinete de comunicação da Ordem dos Farmacêuticos, sublinhando que falta saber quais testes em concreto vão entrar neste regime excecional, que o utente passa a levar o kit de diagnóstico para casa.
E os médicos de Saúde Pública?
É um bom passo para efetivar a estratégia de testar em massa, como disse Ricardo Mexia, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública (AMSP), à Lusa, deixando, no entanto, um alerta, ao considerar que esta venda de testes rápidos “não pode ser encarada como uma carta branca para uma vida sem cuidados”. Além disso, insiste o responsável da AMSP, “é evidente que a ideia não é que estes testes passem a substituir os outros. É, como digo, complementar àquilo que é a resposta em termos de testagem que contempla as diversas opções”, sustentou.
Falando agora de números, já se sabe quanto vão custar?
Até agora, fazer um teste rápido nos locais autorizados para tal custava cerca de 20 euros, mas ainda não é conhecido o valor pelo qual serão vendidos estes testes concebidos para uso da população em geral.