De Sesimbra a Sintra foi um pulo, mas pareceu uma pequena eternidade às irmãs Elisabete e Sofia Rocha, de 17 e 13 anos. Estavam ansiosas para se encontrarem com Miguel Luz. Com 17 anos também e a fechar o 11.º ano em Artes – com excelentes notas, diga-se já -, ele é um dos mais conhecidos youtubers portugueses, tendo ultrapassado há muito os 100 mil subscritores no YouTube, pelo que recebeu um prémio. Tem dois canais ativos e domina as redes sociais, do Facebook ao Twitter.
Chega ao pequeno Jardim da Correnteza de skate na mão, a sua segunda paixão, e o sorriso que lhe conhecem dos vídeos humorísticos e mordazes estampado no rosto. Apesar dos vários olhares de reconhecimento de que foi alvo por parte de jovens que passavam, Miguel não se deixa deslumbrar. Ao comentário “és famoso” reagiu logo: “Não gosto dessa palavra. Já dou uns autógrafos por aí. Mas sou só um puto. Tá-se bem!”
Elisabete e Sofia revezam-se nas perguntas e as respostas vão fluindo sempre entre gargalhadas, que é pelo humor que este youtuber é conhecido.
Como começaste a fazer vídeos?
Tinha 10 anos e via um programa de televisão em que as pessoas faziam humor em direto para o YouTube. De férias no Algarve, a brincar com um amigo, decidi fazer um canal.
Como te inspiras?
No dia a dia, no que encontro na rua. Às vezes pergunto ao pessoal na net sobre o que querem que eu fale. De qualquer maneira, no primeiro dos meus dois canais é tudo preparado, escrito antes. No segundo canal respondo a esses desafios e falo de improviso. Às vezes corre bem e tem piada, outras nem por isso.
Nos teus vídeos nota-se que tens sempre o quarto muito arrumadinho…
Mas é só por uma questão de produtividade [ri-se]. Assim encontro mais depressa tudo o que preciso.
Há algumas cenas que se repetem, como o isqueiro ou o pato. Como surgiram?
Há imenso tempo que não uso isso! É engraçado ver como as coisas ficam na memória de quem vê. Quanto ao isqueiro na mão, eu nem sequer fumo. Surgiu num vídeo sobre como ser chunga. E eu via sempre os chungas na escola de isqueiro na mão. Quanto ao pato, fizeram-me uma pergunta parva para a qual eu não tinha resposta. A minha mãe tinha um pato recheado, ainda cru em casa, fui buscá-lo e mostrei-o. E respondi que não sabia o que dizer sobre tal assunto mas que tinha um pato. Cheguei até a fazer um passatempo em que dei um patinho de borracha autografado.
Qual foi vídeo que mais te marcou e o que mais gostaste?
Já fiz cerca de 400, não é fácil escolher! Gostei muito de fazer um dos últimos, com uma versão sobre comida da canção do Sam the Kid. E o da paródia com uma música dos One Direction foi marcante. Foi com ele que cheguei às mil subscrições e recebi o primeiro dos dois prémios que já ganhei.
Que planos tens para o futuro?
Para já vou de férias. É difícil conjugar isto dos vídeos com a escola. Mas espero que agora no 12.º ano seja mais fácil. Depois há planos para uma parceria com o Luís Filipe Borges para o 5 para a Meia-Noite e, um destes dias, também com Ricardo Araújo Pereira, que é o meu ídolo.
O festival VidYou
O evento dedicado à cultura do vídeo online, de que Miguel Luz fala, é o VidYou, um encontro dos melhores Youtubers nacionais do humor e não só com as suas comunidades de fãs e seguidores. Há oportunidade para sessões de autógrafos, conferências, workshops e até uma gala de prémios. É a segunda edição e tem lugar nos dias 1 e 2 de agosto, no cinema São Jorge, em Lisboa.
Um youtuber…
… é alguém que cria vídeos para colocar no YouTube, normalmente criando o seu próprio canal e publicando regularmente.