O trabalho de formiguinha da equipa é impressionante. Os espaços ganham forma e contribuem para a qualidade do resultado final. A cidade, nem muito grande, nem muito pequena, tem o tamanho ideal para garantir o envolvimento da população. Fechar o centro histórico durante vários dias não é fácil.
Ouvimos a banda sonora, poderosa, a fazer lembrar o filme Braveheart. O enquadramento histórico feito, em voz off, por um narrador. Os efeitos especiais de luzes e fogo, concebidos por um antigo colaborador do mágico Luís de Matos. E um grupo de participantes entusiasta, a desembainhar a espada com uma destreza considerável. “Irmãos, honra e glória! Até à morte!”, gritam. Estamos no século XII. Os atos, os factos e as personagens principais que ajudaram à afirmação do poder régio e soberano de D. Afonso Henriques e à independência de Portugal são o mote para mais uma edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.
No Convento dos Lóios, o espetáculo Afonso, Amor ou Reino é uma das novas apostas da Viagem, a optar por um registo romanceado para falar da relação entre Afonso Henriques e Châmoa Gomes, figura pouco conhecida da nossa história. “Queríamos um texto com o qual o público se pudesse identificar e dizer: ‘Tão simples e tão bom!'”, conta Susana Miguel Silva, a encenadora. Um harpista contribui para a banda sonora. João Carlos Soares é um feirense de gema e participante ativo da Viagem há alguns anos. “Toda a minha família vive intensamente estes dias”. No armário tem quatro trajes diferentes para a recriação. Licenciado em Canto, a harpa veio compor o lado trovadoresco. “Também comecei a explorar um repertório mais antigo, algo que me encanta.”